A redução das diferenças de desempenho entre as escolas da rede pública municipal de Curitiba é um dos avanços mais importantes que a atual gestão da Prefeitura deixará para a cidade. Em 2013, Curitiba tinha 48% de suas escolas municipais com índice superior a 6 no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Hoje são 74%.

Os números mostram que a melhoria na aprendizagem foi homogênea, graças ao aumento no investimento em educação e a programas como o Equidade na Educação, que reconheceu as diferenças entre as escolas e trabalhou para compensá-las.

No primeiro ano da atual gestão, em 2013, o Ideb mostrou que Curitiba tinha cinco escolas entre as 15 melhores das capitais brasileiras. Isso foi muito comemorado, mas não era o bastante. O compromisso que assumimos foi de garantir aprendizagem de qualidade para todos os estudantes, sem deixar ninguém para trás, oferecendo oportunidades especificas, de acordo com a realidade de cada escola, afirma o prefeito Gustavo Fruet.

Os resultados puderam ser mensurados na edição mais recente do Ideb, que se refere a 2015 e foi divulgada em setembro último. Curitiba, que em 2013 aparecia no ranking com índice 5,9, agora alcançou 6,3 – o maior índice entre as capitais nos anos iniciais do ensino fundamental (1 º  ao 5 º  ano) e o maior já atingido pela cidade. Com isso, Curitiba superou a meta estabelecida para a cidade pelo Ministério da Educação, que era de 6.0.

Nos anos finais do ensino fundamental (6º ao 9º ano) Curitiba também teve resultados importantes, ficando com a segunda colocação entre as capitais. Todas as 11 escolas obtiveram avanços e o índice neste grupo passou de 4.7  para 5.3.

Mas ainda mais importante do que isso é notar que o crescimento da rede municipal no Ideb foi puxado pelo desempenho das escolas participantes do Projeto Equidade.  Enquanto na média geral o avanço de Curitiba foi de 6,8% (de 5,9 para 6,3), entre as 46 escolas do Equidade avaliadas no Ideb, a média avançou 11,5%, de 5,2 para 5,8. Dessas 46 escolas, 41 melhoraram seus índices.

O Equidade consiste num conjunto de medidas que garantem apoio diferenciado a 48 escolas em situação de vulnerabilidade. Isso inclui aulas de reforço em contraturno, formação específica para os professores das escolas envolvidas, atividades culturais e reforço nos laços da escola com as famílias. Das 48 escolas inseridas no projeto 46 foram avaliadas no Ideb que tem critérios para a realização das avaliações.

Avanço homogêneo

Um dado importante para mensurar o avanço da rede pública municipal é que, das 178 escolas da rede municipal avaliadas, 141 atingiram ou superaram as projeções feitas pelo Inep e 131 atingiram 6 ou mais pontos na avaliação.

A proficiência (que indica o grau de domínio do conteúdo) alcançada pelos estudantes em Língua Portuguesa cresceu 11,05 pontos entre 2013 e 2015 passando de 209,55 para 220,60. Em Matemática, a proficiência passou de 229,85 para 234,38.

Essa melhoria se refletiu no crescimento da taxa de aprovação, que entre 2013 e 2015 passou de 96,1% para 97,5%.

Nenhuma estratégia adotada para melhorar a qualidade do ensino dos nossos estudantes teria dado resultados tão positivos sem a dedicação, competência e paixão com que os profissionais da rede municipal têm desenvolvido suas atividades, diz a secretária municipal da Educação, Roberlayne Borges Roballo.

Dois exemplos

Na Escola Municipal Leonor Castellano, o Ideb passou de 7.7 para 7.9. Nesse caso, não há surpresa – a escola já foi a melhor colocada no ranking do município no Ideb anterior, posição que manteve agora.

Mas há casos de escolas que cresceram mais de um ponto entre uma avaliação e outra – e entre elas chama a atenção a Escola Municipal Colombo, no Sítio Cercado, que elevou de 4.7 para 6.6 o índice, um crescimento de quase dois pontos. A escola é uma das 48 incluídas no Projeto Equidade.

O aumento no Ideb da escola é fruto de uma bem-sucedida parceria entre os 32 profissionais da unidade com os 450 estudantes e suas famílias, além da inclusão da escola no projeto Equidade, afirma a diretora Ana Paula Nogueira dos Santos.

 Intensificamos o trabalho de leitura e interpretação de texto abordando todos os gêneros textuais, além de um trabalho bastante diferenciado de matemática, explorando o raciocínio lógico e problemas elaborados a partir de experiências vivenciadas no cotidiano das crianças, explica Ana Paula.

Entre as estratégias adotadas está o recurso à interdisciplinariedade. A professora de Artes, por exemplo, passou a usar obras de arte para ensinar ângulos, geometria e questões matemáticas. O apoio escolar oferecido aos estudantes com dificuldades foi igualmente importante.

Salas de acolhimento

Também fizeram diferença os projetos de xadrez, coral e produção de jornal desenvolvidos no contraturno escolar e o trabalho feito para elevar a alfabetização da população que vive no entorno da escola – o que fez com que as famílias compreendessem ainda melhor a importância da escola e da escolarização dos filhos. A Prefeitura transformou a Escola Colombo num Centro Regional de Educação de Jovens e Adultos (Cereja) e instalou ali uma Sala de Acolhimento para receber e cuidar dos filhos dos estudantes durante as aulas no período noturno.

A dona de casa Maria Dolores Padilha diz que percebeu os resultados na prática, mesmo antes da divulgação do índice. Sebastião, filho dela matriculado no 3º ano, foi um dos estudantes atendidos com apoio escolar. Ele não conseguia aprender a ler, mas nestas aulas ensinaram de um jeito diferente e hoje ele está indo muito bem. Ficou até mais otimista e gostando mais de estudar, diz Maria Dolores, que tem oito filhos, todos alunos ou ex-alunos da escola.

Escola líder

Perto dali, no Alto Boqueirão, a Escola Municipal Leonor Castellano também comemora os bons resultados. Pela segunda vez, é a unidade com maior índice na rede municipal. A escola aumentou seu índice no Ideb  de 7.7 em 2013 para 7.9 em 2015.  

A diretora Jocilene Domingues da Silva Ramalho diz que a meta da escola vai além de manter alto o índice no Ideb: Trabalhamos para que todos aprendam bem. Temos estudantes que chegam a 9 de índice, mas também aqueles que têm 2. A meta é fazer com que todos tenham as mesmas possibilidades de aprender e se sair bem.

Para que isso aconteça, professoras, pedagogas, auxiliares de serviços escolares e demais profissionais da escola se debruçaram em análises dos dados trazidos pelo Ideb, logo depois da divulgação pelo MEC. Os microdados extraídos da avaliação estão sendo explorados e deles saíram fontes para que novas ações sejam desenvolvidas na escola.

Acredito que uma das razões do bom desempenho dos estudantes é o fato de a escola não se acomodar com os bons resultados e buscar melhorar sempre mais na qualidade do ensino, diz a promotora de vendas Ellen Mariane Alves, que é mãe de dois alunos da escola. Como membro da Associação de Pais, Professores e Funcionários, ela acompanha de perto todas as propostas que são elaboradas coletivamente na escola.

Pais e estudantes são chamados a participar sempre e são ouvidos, mas tem uma contrapartida que é a de acompanhar e participar da vida escolar das crianças, diz Ellen.

Investimento em educação

Além do Equidade, a Prefeitura investiu desde 2013 numa série de outras iniciativas voltadas à melhoria da qualidade da educação. Os bons resultados alcançados no Ideb nos fazem celebrar, mas desde 2013 há um processo permanente de reflexão, pesquisa e transformação dos dados trazidos por esta avaliação, o que se reflete em ações voltadas para a formação de nossos profissionais e em atividades realizadas dentro e fora de sala de aula, diz Roberlayne.

A superintendente de gestão educacional da Secretaria Municipal da Educação, Ida Regina Moro Milléo de Mendonça, afirma que a prioridade para a educação na atual gestão garantiu novos planos de carreira para o magistério, a melhoria dos espaços nas unidades e novos projetos que, associados ao planejamento – com 33% do tempo da jornada semanal de trabalho do professor destinada à pesquisa e preparação das aulas – resultou em um trabalho mais refinado, com novo modelo pedagógico que valoriza o trabalho coletivo nas escolas.

Também merecem destaque a intensificação do trabalho de leitura, dos jogos adotados para ensinar cálculos e raciocínios, a reformulação dos Parâmetros e Indicadores de Qualidade, a oferta do apoio escolar estão entre elas.

Houve ainda mudança no programa de formação continuada dos professores e nos currículos além da criação de um sistema próprio de avaliação dos estudantes, abrangendo os anos e os componentes curriculares (disciplinas) fora da abrangência dos exames do governo federal. A avaliação própria permitiu completar o diagnóstico da rede municipal. 

O fortalecimento dos conselhos escolares, o trabalho metodológico qualificado no apoio pedagógico, o subsídio às práticas educativas que enriquecem e valorizam o processo de ensino e aprendizagem, além do  atendimento diferenciado aos estudantes com necessidades específicas de aprendizagem também foram ações consolidadas na atual gestão.