SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O número de imigrantes e refugiados que morreram afogados ou desapareceram ao tentar cruzar o Mediterrâneo em busca de asilo na Europa atingiu um novo recorde em 2016.
O naufrágio de quatro embarcações desde terça-feira (15) deixou 340 mortos, elevando o número de mortos desde janeiro para mais de 4.600, segundo números da Organização Internacional para Imigrações (OIM). Em 2015, foram registradas 3.771 mortes no Mediterrâneo, um recorde até então.
A OIM disse nesta quinta-feira (17) que o número de mortos cresce na medida em que traficantes de pessoas tentam realizar travessias apesar das más condições de viagem registradas durante o inverno.
“O que choca é a crueldade”, disse Flavio Di Giacomo, porta-voz da OIM na Itália. “Os traficantes forçam as pessoas a partir apesar das condições impeditivas do mar. Quando chegam à praia, migrantes que não querem ir são forçados a embarcar, até com violência.”
Ele disse que os traficantes de pessoas não se importam se os migrantes sobreviverão à viagem. “Quando você paga, não pode desistir”, afirmou.
Em vários naufrágios no Mediterrâneo, é impossível recuperar os corpos da maioria dos migrantes afogados, sendo necessário para contabilizar os mortos amparar-se em relatos de sobreviventes sobre a quantidade de ocupantes de cada embarcação.
Segundo a OIM, mais de 341 mil pessoas chegaram à Europa pelo Mediterrâneo em busca de asilo em 2016, até 13 de novembro. A maioria desembarca na Grécia e na Itália.
Em 2015, mais de 1 milhão de pessoas realizaram o mesmo trajeto. A grande queda no número de travessias se deve a uma fiscalização mais rigorosa no Mediterrâneo e a um acordo firmado em março entre a União Europeia e a Turquia para frear o fluxo migratório.
A maioria das pessoas que buscam asilo na Europa foge de conflitos armados e crises humanitárias na África e no Oriente Médio.