DIOGO BERCITO
MADRI, ESPANHA (FOLHAPRESS) – Uma comitiva brasileira, incluindo ministros e representantes do BNDES, reuniu-se nesta quarta-feira (23) em Madri com membros do governo espanhol e investidores.
Eles apresentaram ao público o PPI (Programa de Parcerias de Investimentos) e o Projeto Crescer, licitação de 34 projetos na área de infraestrutura.
A comitiva liderada pelo chanceler José Serra participava do seminário “Oportunidades de Investimento no Brasil”, em que o governo insistiu na mensagem de que o país eliminou as travas burocráticas que dificultavam o investimento externo na infraestrutura brasileira.
“Estamos fazendo modificações profundas nos procedimentos”, disse Moreira Franco, secretário executivo do PPI. “O ambiente regulatório era muito frágil e tinha regras que inibiam a concorrência.”
A Espanha é o terceiro maior investidor individual no Brasil, com histórico de importantes ondas de investimento nos anos 1990 e entre 2008 e 2014.
Estavam também no evento em Madri os ministros Maurício Quintella Lessa (Transportes, Portos e Aviação Civil) e Fernando Coelho Filho (Minas e Energia).
O ato foi organizado pela Agência Brasileira de Promoção das Exportações e dos Investimentos e pela Icex, sua equivalente na Espanha.
MERCOSUL
Serra está em Madri desde segunda-feira (21) em uma agenda focada nas relações de comércio e investimento. A participação no seminário era seu último compromisso oficial.
O chanceler reuniu-se durante a semana com o rei Felipe, o premiê Mariano Rajoy e o ministro de Relações Exteriores Alfonso Dastis. Serra entregou a Rajoy um convite do presidente Michel Temer para que ele visite o Brasil.
Serra esteve também com María Luísa Poncela, secretária de Estado de Comércio, em um encontro para avançar nas negociações do acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia.
O chanceler havia se reunido em setembro em Brasília com Jaime García-Legaz, que foi substituído no cargo nesta semana por Poncela -cuja agenda inaugural foi dominada pelo investimento no Brasil, nestes dias.
Em entrevista à Folha García-Legaz afirmou, no mês passado, que os governo de Michel Temer e Mauricio Macri, na Argentina, podem ajudar a destravar o acordo com o Mercosul. A Espanha é um dos principais entusiastas das negociações dentro da União Europeia. A França, por outro lado, se opõe.
O acordo foi intensamente negociado entre 1999 e 2004, mas travou devido às resistências da Argentina e do setor agrícola europeu. As discussões foram retomadas e está previsto um encontro em março em Buenos Aires.
Brasil e Espanha têm estreitado os laços desde o início do governo de Temer. Rajoy teria pouca afinidade com Dilma Rousseff, afastada da Presidência neste ano. Ambos se reuniram na China, durante a cúpula do G20.