O presidente Michel Temer e os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, Renan Calheiros, anunciaram neste domingo (27) um acordo para evitar que o Congresso aprove anistia explícita ao caixa 2 em campanhas eleitorais. A iniciativa era de enviar uma mensagem, tanto aos congressistas, quanto à população, sobre o compromisso do governo com o combate à corrupção em um momento em que o próprio presidente da República enfrenta questionamentos éticos.

Temer, Maia e Renan marcaram para o meio-dia uma entrevista para a imprensa no Palácio do Planalto. Os três oficializaram o pacto para que a anistia não seja incluída no projeto que trata das dez medidas contra a corrupção, iniciativa do Ministério Público que foi apoiada por dois milhões de pessoas.

A expectativa é de que o texto seja votado amanhã pela Câmara. A proposta do MPF é que o caixa 2, termo popular dado à prática de não contabilizar despesas de campanha, seja tipificado como crime. Mas, nos bastidores, líderes partidários vêm articulando mudanças na proposta para que o procedimento deixe de ser punido.

Após tratativas com Temer, Maia e Renan se comprometeram a conversar com os representantes das bancadas no Congresso e desmobilizá-los.

Inicialmente, Temer sinalizava que respeitaria a decisão do Legislativo a respeito do projeto. Agora, porém, o entendimento é que o cenário é outro, pois o presidente ficou politicamente fragilizado após ser acusado pelo ex-ministro da Cultura Marcelo Calero de “enquadrá-lo” para ver atendidos interesses pessoais do então chefe da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, que deixou o cargo na sexta-feira, em meio ao escândalo sobre o caso.

“O Senado não vai votar qualquer projeto que envolva eventuais anistias de campanhas eleitorais, poupando o senhor presidente da República de veto ou sanção sobre matérias dessa natureza”, avisou Renan.

Maia e o secretário do Programa de Parceria de Investimentos, Moreira Franco, se reuniram no sábado por mais de três horas com Temer no Palácio do Jaburu. “Na Câmara, vamos organizar essa votação das dez medidas, com a clareza de que ninguém vai votar nenhuma forma de anistia”, disse Maia na saída do encontro, acrescentando que, se há posição nesse sentido na Casa, ela não é “majoritária”.