De carro ou de ônibus, enfrente a estrada para descobrir marcos da presença ucraniana no Paraná. Verdadeiros museus da fé, as igrejas representam a religiosidade do imigrantes que chegaram para construir uma vida nova. Para si, e para a região aonde construíram uma nova cultura, revivendo folclore, arquitetura, gastronomia e exploração da terra, como seus ancestrais do outro lado do mundo. Entre araucárias surgem cúpulas de igrejas estilo bizantino, preservando no sul do Paraná a cultura que os camponeses mantiveram.

Antônio Olinto fica a 137 quilômetros de Curitiba e seu principal atração é a Igreja de Nossa Senhora dos Corais ou Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, inaugurada em 1913 pelo Padre João Mechalzuck da Ordem de São Basílio Magno, vindo do Estado da Galícia, na Ucrânia, para dirigir a vida da primeira colônia ucraniana do Brasil.

A igreja toda em madeira foi construída no mais puro estilo bizantino, caracterizado pelas cinco cúpulas octogonais, seguindo um projeto enviado de Zhovkava, na Ucrânia. Sempre foi o centro da vida social e cultural das famílias de descendentes ucranianos. Seu interior guarda um verdadeiro tesouro, um ícone pintado em veludo, centenário, com rostos, pés e mãos da Santa e do Menino Jesus completados com incrustações. Mantos e coroas são bordados com jóias, corais, pedras preciosas e ouro, doados pelas famílias dos imigrantes vindos da Ucrânia. Foi entronizado em 1934. Ao lado da igreja fica um campanário datado de 1914, com três sinos trazidos da Ucrânia.


Prudentópolis – A igreja centraliza todos os eventos da comunidade de imigrantes ucranianos e seus descendentes

São poucos os turistas que visitam o edifício que conserva pinturas originais revestindo seu interior. A grande data do município é a Romaria Mariana no terceiro domingo de novembro, com a Festa da Padroeira Maria Imaculada (8/11). Visitas devem ser agendadas na Casa das Irmãs Servas de Maria Imaculada.

Distante 96 quilômetros de Antônio Olinto fica a cidade de Mallet, em Dorizon, destacando a igreja de São Miguel Arcanjo. Concluída em 1903, a estrutura da igreja é feita de troncos de araucária apenas encaixados, sem a utilização de pregos, uma técnica introduzida no Paraná pelos imigrantes eslavos. Mesmo para quem visita apenas a parte exterior, a arquitetura tem detalhes que merecem atenção. E a localização é privilegiada, no alto da serra do Tigre, avistando o vale do rio Iguaçu, um dos principais pontos de concentração da mata de araucárias do Brasil.

Foram os marceneiros da região que ensinaram aos restauradores do patrimônio histórico da região, a técnica de fabricação do telhado de tabuinhas, telhas típicas feitas de madeira de araucária, utilizando os mesmos tipos de ferramentas manuseados há muito mais do que um século. Na década de 1940 as tabuinhas foram substituídas por telhas de barro, mas na restauração da igreja voltaram a ser feitas de pinheiros.


Ovos pintados com símbolos de boa sorte e prosperidade fazem parte das comemorações da Páscoa

Quem visita Mallet deve reservar um tempo para a Estância Hidromineral Dorizon, situada em área de 247 mil metros quadrados de bosques, lago, rio Claro, pista de cooper. O turista vai poder usufruir de churrasqueiras, play-ground, cavalos para passeios, canchas de bocha, pescaria no lago e no rio, além das piscinas para adultos e crianças, incluindo piscina térmica. A água é classificada como mineral de fonte sulfurosa, com 18º C, com propriedades diuréticas e digestivas, indicada para tratamentos de doenças do estômago, fígado e rins. Um hotel de lazer garante o restaurante e área de lazer. Passeios pela região podem ser agendados no próprio hotel.

A grande festa local é a Haivka, festa da ressureição em maio. A Festa do Padroeiro São Miguel Arcanjo acontece em novembro. Visitas agendadas na Casa Paroquial de São João de Dorizon.

Partindo da serra do Tigre em direção ao município de General Carneiro (cerca de 90 quilômetros), o visitante avista no alto de uma colina a igreja do Divino Espírito Santo. É uma pequena igreja junto ao cemitério ucraniano, mais conhecido como Marco V. O cemitério foi um dos primeiros construídos pelos imigrantes, com seus antigos túmulos marcados por cruzes ortodoxas e alfabeto cirílico, em plena mata nativa de araucárias, típica do cenário paranaense.


Além de conhecer a cultura ucraniana, Prudentópolis oferece um grande número de cascatas, trilhas e outras modalidades de esportes com adrenalina

Na Igreja do Divino Espírito Santo, a festa de Pentecostes acontece sempre 50 dias depois da Páscoa e é o principal evento da comunidade. Quando o turista tem a chance de provar o perohê, pastel de massa de trigo cozido, recheado com batata, ricota ou repolho. Produzidos em mutirão pelas senhoras que frequentam a igreja, são servidos em todas as festas religiosas.

Outra iguaria é o charuto de repolho, recheado com carne e hretchka (trigo sarraceno), chamado holubtsi. Nos jantares o prato mais comum é o borsch, sopa de beterrabas, repolho em conserva, linguiça e carnes de fumadas.

Prudentópolis se orgulha de manter um dos maiores contingentes de imigração ucraniana, cerca de 80% da população. As tradições foram mantidas principalmente pela igreja e a cidade é conhecida como o Vaticano. A Páscoa é a data maior, quando são preparados pratos especiais de culinária eslava e confeccionadas pessankas, os ovos artisticamente decorados com símbolos de boa sorte e prosperidade. O estilo arquitetônico das construções marca bem a cidade.

Os ucranianos cultivam o campo por natureza e são profundamente religiosos. O que prova a existência de mais de cem igrejas, algumas de rito ortodoxo, onde o gótico predomina. As principais são a de São Josafat com torre e abóbodas bizantinas e um rico interior original, com uma coleção de ícones e o púlpito em forma de nave. Também se destacam a Igreja Católica Matriz de São João Batista e o Santuário de Nossa Senhora das Graças.

Além de uma imersão na cultura e gastronomia ucranianas, o visitante pode aproveitar o grande potencial natural dos rios e quedas d’água. O mais importante é o rio dos Patos.São muitos os saltos, mas os principais destacam o São Francisco, com 194 metros no rio São Francisco, o São João, com 84 metros no rio São João, o Barão do Rio Branco, com 64 metros no rio dos Patos, o da Usina, também no rio dos Patos, com 18 metros e o Barra Grande, no rio Barra Grande, com 150 metros de altura. Caminhadas, rappel, escaladas, tudo pode ser feito com apoio de guias locais.