DIOGO BERCITO
MADRI, ESPANHA (FOLHAPRESS) – A premiê britânica, Theresa May, foi questionada nesta quarta-feira (18) por membros do Parlamento sobre seus planos para o “brexit”, a separação entre Reino Unido e União Europeia.
May havia discursado um dia antes a diplomatas estrangeiros, delineando a estratégia do governo, incluindo o abandono do mercado único europeu, que tem 500 milhões de consumidores.
Um dos anúncios mais importantes do discurso de terça-feira (17) foi a promessa de que o Parlamento poderá votar no acordo final antes que ele entre em vigor. Esse processo deverá ser concluído em meados de 2019.
Mas David Davis, secretário britânico para o “brexit”, afirmou nesta quarta-feira que os parlamentares não terão a opção de rejeitar a saída do Reino Unido. Ele disse, em uma série de entrevistas, que a separação já foi aprovada no plebiscito. O voto parlamentar seria, dessa maneira, sobre os detalhes do acordo.
CRÍTICAS
O opositor Jeremy Corbyn, líder do Partido Trabalhista, criticou a premiê por desviar dos legisladores na véspera, ao fazer seus anúncios a diplomatas, e não a parlamentares.
Houve uma série de outras reclamações, vindas também da liderança europeia. Membros da União Europeia agradeceram May por traçar contornos claros para o “brexit”, mas lamentaram sua decisão de deixar o mercado único e de cortar a migração.
Um dos críticos foi François Hollande, presidente da França. Boris Johnson, secretário do Exterior britânico, rebateu suas declarações.
Johnson afirmou que Hollande quer punir quem tente escapar da União Europeia “como em um filme da Segunda Guerra Mundial”.
O premiê de Malta, Joseph Muscat, também criticou os planos de May afirmando que a ideia de que o Reino Unido estará melhor fora da União Europeia está “desconectada da realidade”.
A premiê britânica sugeriu, em seu discurso, travar um acordo de comércio com o bloco econômico após a separação. Para Muscat, qualquer acordo terá necessariamente de ser inferior a pertencer à União Europeia.
Jean-Claude Juncker, presidente da Comissão Europeia, disse ao Parlamento Europeu esperar que as negociações pelo “brexit” levem a uma solução “balanceada”, “com total respeito pelas regras”.