GUILHERME SETO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Por volta de 19h desta quarta-feira (18), foi libertada parte dos 26 torcedores do Corinthians que estavam presos no presídio de Bangu 10, que faz parte do Complexo Penitenciário de Gericinó, na zona oeste do Rio. Cerca de metade deles deixaram o local, sendo que os restantes devem ser soltos nesta quinta-feira (19).
A soltura foi determinada nesta terça-feira (17), mas demorou a ser efetivada devido à greve de funcionários da Polinter (Polícia Interestadual) e dos agentes penitenciários, que pedem a quitação de salários atrasados e melhoria das condições de trabalho.
Advogado de Vinicios Cassimiro, Gaspar Osvaldo Neto informou que seu cliente já está a caminho de São Paulo.
Neto passou a noite em frente ao presídio à espera da soltura.
“Com a greve da Polinter não era possível verificar a situação cadastral dos presos para ser efetivada a soltura. Chama se ‘sarqueamento’ [consulta realizada ao Serviço de Arquivo (SARQ) da Polícia Interestadual (Polinter) para saber situação do preso]”, diz Neto.
“Todas essas greves atrapalham muito: a dos agentes penitenciários, a da Polinter, a da Polícia Civil e a do IML. Todos esses entes públicos interferem na expedição de soltura e no cumprimento delas”, completa.
“Trata-se de burocracia da administração penitenciária e não do poder judiciário. A Justiça já cumpriu o seu papel e mandou soltar. Agora é procedimento administrativo para materializar isso”, conclui.
O CASO
Ao todo, 31 homens foram detidos no dia 23 de outubro e presos preventivamente, após uma briga com policiais que ocorreu antes do jogo de reabertura do Maracanã pela Rio-2016. Em campo, o time do Parque São Jorge empatou com os cariocas, por 2 a 2.
Até ontem, cinco deles (incluindo um menor de idade que foi liberado pela vara da infância) haviam sido soltos para aguardar o julgamento em liberdade.
O Ministério Público acusa os corintianos de tumulto em eventos esportivos, lesão corporal, dano ao patrimônio público, resistência, corrupção de menor e associação criminosa. Se forem condenados, as penas podem chegar a 21 anos de prisão.
A prisão preventiva e a denúncia contra os corintianos gerou polêmica. A detenção é criticada por familiares, advogados e especialistas em direito penal pela suposta arbitrariedade e falta de provas.
Na decisão que transformou a prisão em flagrante dos torcedores em preventiva, constavam imagens de TV de apenas quatro dos 31 presos –os outros foram reconhecidos por quatro policiais. Alguns detidos apresentaram imagens que indicam que eles não estavam na briga.

Cronologia do caso
23.out
Por volta das 16h30, corintianos e PMs entram em confronto; após a partida, cerca de 60 são detidos.

25.out
A juíza Marcela Caram determina a prisão preventiva de 31 dos torcedores, entre eles um menor de idade.

9.nov
O Ministério Público do Rio denuncia os 31 corintianos, por tumulto em eventos esportivos, lesão corporal, dano ao patrimônio público, resistência, corrupção de menor e associação criminosa.

16.nov
A vara da infância do Rio libera o adolescente, após concluir que ele não estava no estádio na hora da briga.

29.nov
A desembargadora Suimei Cavalieri concede habeas corpus a Michael Ricci e Gustavo Inocêncio; 28 ainda seguiam presos preventivamente.

13.dez
TJ do Rio julga três pedidos de habeas corpus, concede dois (a Leandro Coelho e Victor Hugo de Oliveira) e nega um, na última sessão do tribunal antes do recesso do Judiciário.

27.dez
Juízes de plantão do TJ negam pedido de revogação da prisão preventiva a 14 torcedores.

13.jan
Corintianos presos enviam cartas a colegas de torcida organizada relatando medo da guerra entre facções que dominam Bangu e pedem ajuda para conseguir transferência de presídio.

17.jan
O juiz de primeira instância Marcelo Rubiolli determina a substituição da prisão preventiva por medidas cautelares do grupo, que aguardará o julgamento em liberdade.