O médium Chico Xavier, uma das maiores expressões do Movimento Espírita no Brasil, que morreu em 2002, era conhecido por várias características, inclusive físicas, que viraram quase como uma ‘marca registrada’ sua: estava sempre de óculos escuros (para esconder um problema sério de catarata), de terno e de boina. Certa vez, colegas de religião lhe perguntaram se não era uma contradição pregar a humildade e o desapego, morar em uma casa miserável, mas sempre andar bem vestido… se aquilo não era uma demonstração de vaidade. E a resposta de Chico Xavier teria sido algo como: Meus irmãozinhos não devem ser obrigados a conviver com a minha aparência horrorosa…

A resposta do médium traz uma lição importante sobre o cuidado com a aparência. Ele disse, em outras palavras, que apresentar-se bem é uma forma de demonstrar preocupação e respeito com o outro. Esse tipo de pensamento afasta um comportamento que, vez por outra, afeta a todos: a preguiça de se arrumar, a vontade de pegar a primeira roupa que vir no armário.

Portanto, quando algum pensamento assim nos invadir, devemos lembrar dessa lição e pensar no que vamos entregar aos outros – aos amigos, colegas de trabalho, conhecidos e desconhecidos que viermos a encontrar durante o dia. Vale a pena dar vazão à falta de vontade de se arrumar? Ou vale o esforço de caprichar no visual em nome do respeito aos colegas e aos ambientes que vamos frequentar?

Não existe uma única orientação. Não é obrigatório vestir isso ou proibido usar aquilo, mas deve imperar sempre a lógica do bom senso. Ambientes informais permitem vestuário informal, mas isso não significa um visual desleixado. Ambientes mais formais exigem, da mesma forma, um apuro maior na hora de escolher as roupas e acessórios para compor o visual.

Além da observação do ambiente para que possamos nos harmonizar a ele, é imprescindível escolhermos roupas e acessórios que ‘digam quem nós somos’, ou seja, que estejam de acordo com nosso estilo e nosso jeito de ser, que nos deixem à vontade. Por exemplo, homens que detestam usar terno e gravata só devem fazê-lo se for mesmo obrigatório – do contrário não ficarão à vontade e poderão se sentir ‘enforcados’ pela gravata.

Esse é um caminho natural, intuitivamente escolhemos roupas que tenham a ver com nossa identidade e jeito de ser. Pessoas conservadoras dificilmente usarão roupas coloridas, decotadas, cheias de apliques… E, da mesma forma, pessoas mais modernas e ‘descoladas’ dificilmente usarão roupas muito sisudas, muito sóbrias.

É importante lembrar que tudo comunica, tudo é informação. Na hora de compor o visual para enfrentar o dia, devemos levar em consideração quais são as mensagens que estamos emitindo com as roupas e acessórios que escolhemos. Às vezes dizemos uma coisa com as palavras, mas nosso visual pode estar contradizendo a essência das mensagens que queremos transmitir.

Um dos elementos mais importantes nesse aspecto é a cor. Quase sempre escolhemos as cores sem levar em consideração o que elas transmitem – agimos simplesmente pelo gosto pessoal, pelo estado de espírito do dia (inconscientemente, quando estamos felizes usamos roupas mais coloridas e alegres, quando estamos depressivos, optamos por cores mais sóbrias) ou até mesmo pela moda, para combinar peças, etc. Mas é importante lembrarmos que as cores emitem mensagens, carregam ideologias e paixões. Elas têm energia e uma leitura psicológica e, portanto, provocam reações inconscientes nos nossos interlocutores. Isso pode ajudar ou prejudicar nossas relações pessoais e profissionais.

Adriane Werner. Jornalista, especialista em Planejamento e Qualidade em Comunicação e Mestre em Administração. Ministra treinamentos em comunicação com temas ligados a Oratória, Media Training (Relacionamento com a Imprensa) e Etiqueta Corporativa.