Estudos revelam que entre 75% e 85% dos rios e lagos da Capital possuem um Índice de Qualidade de Água (IQA) considerado ruim ou péssimo. Para piorar, nos últimos 15 anos pouquíssima coisa mudou — quando não piorou. Em Colombo, na região metropolitana de Curitiba, contudo, um cidadão vem tratando de fazer diferente e mostrar que é possível, cada um cumprindo com sua parte, reverter essa situação. Diego Saldanha de Melo criou uma ecobarreira no rio utilizando galões d ‘água de 20 litros, envolvidos em redes de proteção. Com isso, segura todo o lixo flutuante que é jogado no rio. Seu objetivo, relata, é ajudar na preservação do histórico Rio Atuba.

O trabalho começou na última sexta-feira e já vem dando bons resultados. Diego relata que realiza a limpeza duas vezes por dia, uma antes de ir para o trabalho e outra já no final da tarde. Ainda não tem um balanço do quanto de lixo foi retirado, mas garante que é muita coisa. Entre os materiais jogados no rio estão sacolas de lixo, garrafa pet e até mesmo um fogão de cozinha. A barreira foi instalada nos fundos do terreno da casa de Melo, por onde passa o Rio Atuba.

Tomei essa iniciativa por que quero demonstrar aos meus filhos que precisamos preservar a natureza. O trabalho está no começo, mas pretendo tentar trazer vida novamente ao Rio Atuba, afirma Diego, que espera contar com a ajuda da população para alcançar seu objetivo. Precisamos nos mexer e, se cada um fizer a sua parte, com força de vontade chegaremos lá.

Consta na Declaração Universal dos Direitos da Água, promulgada pela Organização das Nações Unidas (ONU) no dia 22 de março de 1992. Em seu artigo 1º, o documento determina que a água faz parte do patrimônio do planeta. Cada continente, cada povo, cada nação, cada região, cada cidade, cada cidadão é plenamente responsável aos olhos de todos.

História

O Rio Atuba, situado entre os municípios de Curitiba, Colombo e Pinhais, é um rio histórico. Foi em sua margem esquerda que, em 1649, teve início a colonização européia na região, com a chegada de portugueses que queria garimpar no primeiro planalto.

Mais tarde, por conta da escassez de alimentos e ouro, teriam transferido o povoado para outro lugar. Conta a lenda da fundação de Curitiba que o chefe indígena Tingüi, dos Campos do Tindiqüera, teria escolhido e conduzido os portugueses para o local às margens do Rio Ivo, onde hoje se situa a Praça Tiradentes, marco zero da Capital.


Sucesso nas redes sociais

A história e o esforço de Diego Saldanha de Melo viraram notícia no último sábado, com uma reportagem publicada no portal do Bem Paraná. Desde então, um vídeo publicado pelo próprio Diego nas redes sociais e que o mostrava realizando a limpeza no Rio Atuba vem viralizando. Até a tarde de ontem somava 1,3 milhão de visualizações e quase 29 mil compartilhamentos no Facebook. A repercussão está sendo ótima, estou muito feliz com tudo isso. Recebi mensagens de autoridades e pessoas comuns querendo ajudar. Até o prefeito de Joinville e pessoas de outros países, como França, Argentina e Uruguai me parabenizaram, conta Diego. Pessoas de várias cidades me procuraram e eu já repassei o projeto, diz Diego, que relata estar conseguindo cumprir com o objetivo de conscientizar os filhos, de 8 e 3 anos de idade.