EDUARDO GERAQUE E PAULO SALDAÑA SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Com seu desfile tecnicamente quase perfeito, a Mocidade Alegre, segunda escola a desfilar na sexta (24), surge como uma das favoritas ao título. A atual campeã, Império de Casa Verde, também mostrou seu tradicional luxo no Sambódromo do Anhembi, na zona norte de São Paulo. A Mocidade comemorou o seus 50 anos na avenida. A Casa Verde cantou sobre a Paz. A sempre forte Vai-Vai teve problemas de harmonia. Com um samba-enredo inspirado na mãe de santo baiana Mãe Menininha do Gantois, a escola teve um início emocionante. Mas teve de correr demais para não estourar o tempo de 65 minutos, e deve perder pontos. Nem sempre os jurados pensam igual ao público, mas pelo menos três escolas chegaram a empolgar o Anhembi. O sambódromo registrou bom público nos dois dias. Na primeira noite, o grande destaque foi a Vila Maria com seu Carnaval sobre Nossa Senhora Aparecida. Com o aval da igreja, a escola apresentou-se sem nus, por exemplo, e recebeu do público o maior apoio do desfile de 2017. Na madrugada deste domingo (26), o samba tradicional da Unidos do Peruche, escola que apresentou um enredo sobre Salvador, também agradou. A Dragões da Real, que trouxe o universo de Luiz Gonzaga para São Paulo, também gerou muitos elogios. Apesar do tradicional apoio do público, a Gaviões da Fiel fez um desfile sem grandes surpresas -a rainha da bateria da escola, Sabrina Sato, só chegou quando a escola já estava na avenida. Depois da paralisação de uma hora na madrugada deste domingo -a pista ficou molhada com o desfile da Vai-Vai e a Nenê de Vila Matilde se recusou a entrar-, a própria Nenê, com o enredo sobre Curitiba e bateria contagiante, e a Rosas de Ouro, com o tema sobre banquetes, encerraram o Carnaval paulistano com desfiles animados. Como nenhuma escola arriscou muito neste ano, resta saber se haverá alguma surpresa, ou se os desfiles mais técnicos vão levar o caneco. A decisão, como já vem ocorrendo, será por centésimos. APURAÇÃO A apuração das notas será realizada no dia 28 de fevereiro, às 16h. Este ano, a Liga das Escolas de Samba de São Paulo substituiu todos os julgadores para o Carnaval de 2017. As escolas dos grupos Especial e de Acesso serão avaliadas por 36 novos jurados, entre eles professores universitários, doutores e PhDs, especializados em cultura popular. Caso alguém deixe de atribuir uma nota, o jurado será punido com perda de cachê, podendo inclusive ter de ressarcir a entidade pelos gastos, como passagens aéreas e hospedagem, entre outros. A punição foi incluída no contrato dos julgadores depois que, no ano passado, Dragões da Real e Império de Casa Verde deixaram de receber notas nos quesitos harmonia e evolução, respectivamente. A cédula de votação também ganhou novo layout para dar mais destaque ao campo onde as notas devem ser colocadas. Ainda assim, caso algum avaliador deixe de dar a nota a um quesito, será atribuída à agremiação a média aritmética das notas dadas pelos demais jurados. No caso de frações de até 0,05, as notas serão arredondas para baixo. E a partir de 0,06 para cima. Até o ano passado, a maior nota era repetida para compensar a falta.