O segundo dia da greve dos ônibus em Curitiba, nesta quinta-feira (16), foi marcado por acusações entre os sindicatos dos motoristas e cobradores, das empresas de ônibus e a Urbs. Os trabalhadores reclamaram que as empresas não liberavam veículos para circular e assim fazer com que a frota mínima determinada pela Justiça não circulasse. O sindicato patronal acusou os trabalhadores de sequestrarem pelo menos 15 veículos para usá-los em uma manifestação. No fim da tarde, a Urbs disse que a frota mínima não circulava.

A greve de ônibus começou com a paralisação nacional da quarta-feira (15). Desde este dia, os sindicatos dos Motoristas e Cobradores de Curitiba e Região (Sindimoc) e o Sindicato das Empresas de Ônibus de Curitiba e Região (Setransp), trocam farpas. Na quarta, a Justiça do Trabalho havia determinado uma frota mínima circulando — 50% nos horários de pico e 40% nos demais.

Já neste primeiro dia de parada, o Sindimoc insiste que o não cumprimento da frota mínima era responsabilidade das empresas, que não liberavam as escalas de trabalho. A acusação voltou a ser feita ontem. A desobediência da determinação da Justiça acarreta em multa de R$ 100 mil por hora.

Na quinta, o Sindimoc realizou uma manifestação no meio da tarde em frente à sede da Urbs, na Rodoferroviária. Com faixas e ônibus, eles cobravam apoio da Urbs para reesolver a greve.

Pouco depois, o Setransp emitiu nota informando que as empresas faziam boletins de ocorrência na polícia pelo sequestro de pelo menos 15 ônibus, que teriam sido usados na manifestação. O Sindimoc rebateu dizendo que lamentava a postura patronal e que os ônibus foram levados para as garagens.

Enquanto os dois sindicatos discutiam, a Urbs informava que no final da tarde, já dentro do horário de pico, a frota mínima não era respeitada. Por volta das 17h30 seria apenas 37% da frota circulando, que subiu para 42% depois das 18 horas. De noite, segundo a Urbs, a frota circulando chegou a 50%.

Audiência

Na noite de quinta, o Sindimoc publicou que uma audiência no Tribunal Regional do Trabalho (TRT-PR) estaria marcada para as 15 horas desta sexta-feira. Mas a informação não tinha confirmação até o fechamento desta edição.

 

Urbs descarta novo aumento de tarifa
Logo após a manifestação de motoristas e cobradores, na tarde de ontem em frente à sede da Urbs, presidente da Urbanização de Curitiba S/A (Urbs), José Antonio Andreguetto, recebeu uma comissão do Sindimoc. Durante a reunião, ele descartou qualquer possibilidade de repasse para as empresas acima do que foi projetado para reajuste salarial da categoria.
No reajuste da tarifa ao passageiro no começo deste ano, a Urbs considerou todas as despesas previstas para o decorrer do período de fevereiro de 2017 a fevereiro de 2018. Porém, para a reposição do aumento salarial da categoria de motoristas e cobradores, foi projetado 6%, perto do que foi oferecido pelo Setransp — 5,3%.

O reajuste da tarifa já feito também prevê a reposição da frota de 270 ônibus com vida útil vencida, aquisição de 24 novos biarticulados para implantar o novo eixo do ligeirão Santa Cândida – Capão Raso, reequilíbrio de custos e outros.