As vigilâncias sanitárias de Curitiba e do Estado reforçaram, ontem, as ações de fiscalização de produtos de marcas citadas na Operação Carne Fraca, da Polícia Federal, deflagrada na sexta-feira passada. A Vigilância Sanitária da Secretaria Municipal da Saúde recolheu amostras de quatro produtos em um mercado de Curitiba. Os produtos foram enviados ao Laboratório Central do Estado (Lacen), da Secretaria de Estado da Saúde, para análise físico-química e microbiológica, que deverão ser processadas em até dez dias.

Os exames vão mostrar se os produtos estão contaminados ou não e se estão próprios para o consumo. Se forem detectados problemas, as empresas fabricantes podem ser notificadas para recolher das gôndolas. Os produtos recolhidos nesta segunda-feira foram salsicha, linguiça defumada, carne embalada à vácuo e salame.

Hoje, a coleta deve continuar. Ao todo serão enviadas dez amostras para análise ao Lacen. Os pontos de fiscalização são escolhidos aleatoriamente, dentre aqueles que fazem venda direta à população. O alvo desta ação especificamente não são os estabelecimento em si, mas os produtos das marcas citadas pela operação da PF.

A Vigilância Sanitária Estadual (Visa) também reforçou a inspeção e a fiscalização de produtos de origem animal para evitar o comércio irregular. A Secretaria de Estado da Saúde solicitou à Polícia Federal e ao Ministério da Agricultura mais informações sobre os itens alvo de operação deflagrada pela PF na sexta-feira.

Desde sempre, nosso trabalho coloca a saúde da população paranaense em primeiro lugar. E não vai ser diferente agora. Pedimos mais detalhes sobre os produtos investigados para saber se eles estão no mercado e para que possamos intensificar a inspeção dessas mercadorias no comércio, ressalta o secretário de Estado da Saúde, Michele Caputo Neto.

A Vigilância Sanitária Estadual também está orientando os órgãos municipais para que reforcem as fiscalizações em estabelecimentos comerciais, como supermercados, panificadoras, açougues e restaurantes.

Três países e UE embargam carne brasileira
Os três países que anunciaram embargo à carne brasileira, juntamente com a União Europeia, responderam por 34,24% das exportações de carne bovina e 20,16% das de frango em 2016. Até agora, China, Chile e Coreia do Sul anunciaram a suspensão da compra de carne brasileira e o bloco europeu suspendeu a compra de quatro empresas.
De acordo com dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), as exportações brasileiras de carne bovina congelada, fresca ou refrigerada somaram US$ 4,344 bilhões no ano passado. Principal importador do produto brasileiro, a China respondeu por 16,71% deste total, com gastos de US$ 702,7 milhões.
No caso da carne de frango, o total exportado em 2016 foi de US$ 5,946 bilhões. A China sozinha comprou 14,45% do total, com gastos que somam US$ 859,482 milhões. Já a Coreia do Sul foi responsável por 2,85% das exportações do produto (US$ 165,565 milhões). O bloco europeu comprou 1,97% do total (US$ 117,082 milhões) e o Chile respondeu por apenas 0,88% do total (US$ 52,470 milhões).

Paraná pode ser o mais afetado pela crise
O Paraná pode ser o Estado que mais perde com a suspeita da qualidade da carne brasileira. No ano passado o Estado se consolidou como maior produtor de carnes do País, com 21% de participação no total do Brasil, e boa parte vai para a exportação.
O Estado produziu 2,58 milhões de toneladas de carnes de frango, bovina e suína no primeiro semestre de 2016. O Brasil, por sua vez, produziu 12,2 milhões de toneladas. No mesmo período do ano passado, o Estado representava 20% da produção nacional de carnes.
O maior destaque foi a avicultura paranaense, com produção de 2,08 milhões de toneladas no primeiro semestre, 6,6% mais do que no mesmo período do ano passado. Sozinho, o Paraná representou 31,1% da produção brasileira de carne de frango.
O tema foi amplamento discutido na Assembleia Legislativa do Paraná na tarde de ontem. Os deputados que falaram na tribuna da casa apontaram para o impacto que a operação vai trazer para o Estado.