SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – As areias da Praia de Copacabana, na altura da avenida Princesa Isabel, amanheceram com 595 máscaras vermelhas e brancas. A iniciativa foi da ONG Rio de Paz, em protesto contra os escândalos de corrupção política.
O número de máscaras simbolizava os 513 deputados, 81 senadores e o presidente Michel Temer. Ao lado, foram colocadas duas faixas — uma pedindo a reforma política e outra a renúncia do presidente da República. As informações são da Agência Brasil.
De acordo com o presidente da ONG, Antônio Carlos Costa, as máscaras representam a vergonha que os políticos deveriam ter da atual situação do país. Do total, 95 máscaras são brancas, para simbolizar a parcela de políticos íntegros.
“Essas máscaras pintadas de vermelho representam a vergonha que gostaríamos de ver estampada no rosto da classe política brasileira e que não está. Eles são flagrados em gravações e não apenas não revelam nenhum constrangimento como partem para a ofensiva. Essas máscaras estão enterradas aqui na areia porque simboliza essa corrupção que já alcançou o pescoço da classe política brasileira.”
Costa lembra que a ONG faz ações normalmente voltadas para a área de segurança pública e direitos humanos, mas, segundo ele, a crise política interfere diretamente na vida do cidadão. Ele fez referência às denúncias contra ocupantes de altos cargos, como o presidente Michel Temer e o senador afastado Aécio Neves, entre outros, citados em delação dos donos da empresa JBS.
“Todos os dias recebemos notícias de moradores de favelas vítimas de balas perdidas, estão morrendo em tiroteios entre policiais e traficantes. Somamos os 14 milhões de desempregados e metade dos brasileiros que não têm acesso à rede de esgoto. Isso num cenário de corrupção escandalosa no Congresso Nacional e que atingiu agora o mais alto posto da República. Isso se reflete na ponta, na vida de milhões de trabalhadores, na vida do pobre, do sertanejo, do morador de favela.”
Sobre a reforma política, a Rio de Paz considera importante mecanismos que “dificultem a ascensão ao poder de corruptos e incompetentes”. Ele citou a diminuição do número de partidos políticos, fim do “puxador de voto” que “arrasta junto pessoas que não receberam voto quase nenhum e ninguém conhece” e a cláusula de barreira para que não tenha “partido sem representante e sem voto recebendo dinheiro público para a campanha”. Costa ainda destacou a importância dos políticos manterem o contato com a população que os elegeram.
O ato das “Máscaras da Vergonha” foi montado em Brasília na terça-feira (23). Ele será levado a São Paulo na próxima quarta (31), exposto no Masp entre 6h e 14h.