Em maio comemora-se o Dia Internacional do Celíaco. De acordo com dados da Fenacelbra (Federação Nacional das Associações de Celíacos do Brasil), dois milhões de brasileiros têm a doença celíaca. Estudos internacionais apontam que 1% da população mundial apresenta intolerância ao glúten, proteína presente no trigo, na cevada, na aveia e no centeio. Os sintomas da doença celíaca podem se confundir com outros distúrbios, por isso ela ainda é pouco conhecida e de difícil diagnóstico.

A doença é autoimune e costuma surgir na infância, mas também aparece na idade adulta. Os sintomas podem surgir de forma branda ou agressiva. Entre eles estão diarreia crônica acompanhada de distensão abdominal, perda de peso, alteração do humor e anemia. Em crianças, muitas vezes o único sintoma perceptível é a falta do crescimento.

A retirada dessa proteína da dieta pode melhorar o quadro e/ou contribuir para o desaparecimento dos sintomas. O consumo de alimentos que contenham glúten por paciente que ainda não foi diagnosticado com a doença celíaca pode desencadear um processo inflamatório. Por isso, os sintomas não podem ser desprezados. Nesse caso, é necessário que o paciente não se exponha à proteína, mas essa é uma recomendação que deve ser feita apenas pelo médico.

O paciente celíaco que continua ingerindo alimentos com glúten apresenta maior risco de desenvolver outras doenças, e principalmente a desnutrição. Doenças associadas, como as de tireoide, fígado, rins, pele e câncer também devem ser monitoradas.
Uma vez prescrita, a dieta deve ser seguida para o resto da vida.

Como o diagnóstico nos casos com poucos sintomas é considerado difícil, a investigação da patologia deve ser criteriosa. Normalmente o médico segue três passos: verifica se há histórico familiar da doença, submete o paciente a exame de sangue e por último realiza a biópsia do intestino delgado por endoscopia, quando o exame de sangue dá positivo. Exames genéticos e de histocompatibilidade podem ajudar a excluir alguns diagnósticos duvidosos. Dessa forma é possível ter um diagnóstico preciso e o acesso correto ao tratamento

Mesmo nos casos mais amenos, o diagnóstico é fundamental. Só a partir dele é possível tratar corretamente o paciente e evitar que complicações da doença celíaca possam se tornar problemas de saúde ainda mais graves.

*Mauro Scharf é endocrinologista e diretor médico da Unimed Laboratório.