Os estudantes do curso de Tecnologia em Luteria da Universidade Federal do Paraná (UFPR) estão participando de um processo de restauro único na carreira. Eles estão auxiliando no processo de recuparação de um instrumento musical considerado uma preciosidade guardada na igreja Bom Jesus dos Perdões, localizada na Praça Rui Barbosa, em Curitiba. 

É um órgão de tubos que foi montado no século passado, no início da década de 1920 pela firma alemã Laukhuff e que hoje ocupa o centro do balcão principal. O restauro está a cargo do frei Lauro Both, organeiro formado na Escola Oscar Walcker Schule, em Ludwigsburg, Alemanha, que concilia o trabalho na igreja com as atividades de professor convidado do curso da UFPR. Essa foi uma oportunidade aproveitada pela universidade para passar aos alunos a vasta experiência de Both neste tipo de instrumento.

O órgão de tubos em que o frei trabalha traz o nome do seu construtor, Johannes Speith, que em 1926 veio ao Brasil especialmente para acompanhar o final da montagem desde e de outros instrumentos vendidos para o País.
Além dos reparos e da afinação, o processo de restauro devolverá as características originais do instrumento, que foram modificadas devido a reparos e adaptações feitas nos seus 93 anos de história.
O professor reveza suas atividades entre as aulas que acontecem no Setor de Educação Profissional e Tecnológica da UFPR (SEPT) e o trabalho na Igreja Bom Jesus dos Perdões.
Both, explica que já foram concluídos o restauro do fole, a lustração com a remoção das várias camadas de verniz que escondiam a ação do cupim, a instalação do novo motor, também importado da Laukhuff, nova pintura das flautas construídas em zinco. Aplicação de cupinicida em todas as madeiras. Também está em andamento a entonação para a afinação geral.
Até o final do processo serão reinstalados os canos originais de chumbo que levam o ar das válvulas até as flautas do instrumento. Esses canos fazem parte dos conjuntos de tubos que produzem o som por meio da liberação do ar comprimido. O instrumento possui desde tubos de alguns centímetros até um de seis metros — o maior.
Também a bomba manual que alimentava o fole originalmente será recuperada. O fole é uma grande bolsa de ar com pesos que mantém a pressão constante. Ao acionar a tecla uma válvula conectada às flautas libera a passagem do ar para produzir o som.