Pesquisadores do grupo BioPol, dos Departamentos de Química e de Bioquímica e Biologia Molecular da UFPR desenvolveram uma tecnologia que viabiliza o diagnóstico da dengue de maneira rápida e economicamente acessível.

O imunochip é um sensor baseado na tecnologia das microbalanças de cristal de quartzo e é capaz de detectar a presença de moléculas do antígeno NS1 para a dengue no soro sanguíneo. Assim, o exame não revela o vírus da dengue, mas a defesa, os anticorpos que o corpo produz para combatê-la.

A tecnologia funciona utilizando um equipamento chamado microbalança de cristal de quartzo. No nosso trabalho, modificamos a superfície do sensor desse equipamento, tornando-a capaz de detectar antígenos do vírus da dengue, explica Cleverton Luiz Pirich, que desenvolveu a pesquisa que deu origem ao imunochip durante seu doutorado na UFPR.

O diferencial do imunochip é a sua objetividade. Para o paciente, num primeiro momento, o importante é saber o mais rápido possível se está ou não infectado para poder começar o tratamento. A tecnologia empregada no imunochip permite um diagnóstico qualitativo, que não revela a quantidade de antígenos presentes na sorologia, mas a positividade ou negatividade para a doença. Desse modo, a simplicidade e a eficácia convergiram para o desenvolvimento de equipamentos mais baratos, acessíveis, e que dão o diagnóstico em cerca de 15 minutos.

Outros métodos costumam demorar mais de 30 minutos para obter o resultado. Entretanto, se contar o tempo de preparo de amostra e a necessidade de mão de obra especializada esse tempo pode ser ainda maior. O que não é o caso do nosso imunochip, que pode ser manipulado, depois de construído, mesmo por pessoas com pouco treinamento no equipamento e não necessitar de muitos preparos quanto à amostra do paciente, conta o pesquisador responsável.

Custo menor

Além da agilidade no diagnóstico, o imunochip proporciona economia. O custo por análise gira em torno de R$ 2 a R$ 10. Com outras tecnologias o gasto pode ser de até R$ 100 por análise, explica a professora Maria Rita Sierakowski, orientadora de Pirich.

Apesar de ter sido desenvolvido com o objetivo de dar o diagnóstico mais acessível para dengue, o imunochip pode ser usado na detecção de outras doenças. Ainda possui outras aplicações ambientais e na área da saúde, como, por exemplo, auxiliar na detecção de moléculas contaminantes presentes em água e alimentos.

Desenvolvemos um biossensor de baixo custo e praticidade para o diagnóstico, não somente da dengue, mas também de outras doenças. Isso, aproveitando um equipamento com grande potencial, mas que até então não era utilizado, devido a alguns problemas que, em nosso trabalho, conseguimos contornar, afirma a professora.

O trabalho, que é resultado da pesquisa de doutorado de Cleverson Luiz Pirich, sob orientação da professora Maria Rita Sierakowski, e da parceria com três outros pesquisadores: Rilton Alves de Freitas, Roberto Mauel Torresi e Guilherme Fadel Picheth, foi publicado no periódico Biosensors and Bioelectronics.