FRANCESCA ANGIOLILLO, ENVIADA ESPECIAL
PARATY, RJ (FOLHAPRESS) – A mesa Arqueologia de um Autor, que abriu às 12h desta quinta (27) a programação oficial da 15ª Flip, valorizou a necessidade de um cânone extraoficial que inclua os descendentes de negros e indígenas.
Apesar de boa parte das falas dos estudiosos Beatriz Resende e Felipe Botelho Corrêa ter sido dedicada a como iniciaram suas pesquisas sobre Lima Barreto, o que mais despertou interesse do público foi a fala de Edimilson de Almeida Pereira.
Muito aplaudido, o poeta e professor de letras da Universidade Federal de Juiz de Fora propôs pensar a literatura de Lima Barreto num “país conflagrado” em que hoje, como à época do escritor, as perspectivas dos negros eram de uma vida “estreita”.
Embora, como frisou Beatriz Resende, Lima Barreto tenha sido “reconhecido por seus pares” em vida, coisa que atesta sua correspondência, sua produção ficou de fora do establishment literário da época.
Isso em parte se deveu ao fato de que o escritor perseguiu definir e cunhar uma “literatura militante”, aspecto abordado por Felipe Botelho Corrêa em uma de suas intervenções.
Um dos pontos dessa literatura militante era a clareza, que o escritor buscava na oralidade.
Essa, disse Botelho Corrêa, foi umas marcas mais presentes do que Lima buscou fazer em seu esforço por atingir uma população “que aprendia a ler ou tinha aprendido recentemente”.
Em outro momento que provocou a reação de apoio do público, Beatriz Resende frisou a ausência nesta Flip de vários de seus colegas pesquisadores da UERJ, que não puderam participar do evento “porque estão há quatro meses sem receber”.
A mesa se encerrou com outra participação de Edimilson Almeida Pereira, respondendo a uma questão do público que pedia que ele falasse mais sobre o cânone afrodescendente.
Segundo informou a curadora do evento em comunicação ao fim da mesa, as muitas perguntas sobre esse tema podem suscitar a abertura de uma participação no extra do professor mineiro, em programação paralela.