Uma das vozes mais singulares da MPB, o cantor e compositor carioca Luiz Melodia, 66, não resistiu às sessões de quimioterapia que fazia para combater um câncer na medula óssea e morreu na madrugada desta sexta (4), no hospital Quinta d’Or, no Rio. “É uma doença muito traiçoeira. Ele foi para o hospital fazer quimioterapia, mas não aguentou”, afirmou a mulher do cantor, Jane Reis. Melodia lutava há meses contra o mieloma múltiplo, e chegou a ser internado na UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) durante as sessões de quimioterapia. Em abril passado, a família informou, pelas redes sociais, que o estado de saúde do cantor havia melhorado, e agradeceu “o acolhimento, o carinho e respeito” dos fãs.

No mês seguinte, ele realizou um transplante de medula. Muito fraco e precisando recuperar sua imunidade, permaneceu internado, mas não resistiu ao tratamento. O nome de batismo era Luiz Carlos dos Santos, filho de um sambista do morro do Estácio, no Rio, berço do samba urbano carioca. O menino descobriu a música ao ver o pai tocando viola em casa. Melodia precisou contrariá-lo para seguir na música, porque o pai sonhava vê-lo doutor. Foi no seu morro do Estácio natal que Melodia conheceu o poeta Wally Salomão e Torquato Neto.

Por meio do poeta, Gal Costa conheceu as composições do artista -cujas canções ela gravaria. A primeira mais famosa foi “Pérola Negra”, no disco “Gal a Todo Vapor”. “Estácio Holly Estácio”, outra de suas mais conhecidas, ganhou interpretação em diversas vozes, tornando-se um dos clássicos da música popular brasileira -ela foi primeiro gravada por Maria Bethânia. Em 1973, com o sucesso, lançou o disco “Pérola Negra”. Depois, viriam “Maravilhas Contemporâneas” (1976) e “Mico de Circo” (1978).