ESTELITA HASS CARAZZAI
CURITIBA, PR (FOLHAPRESS) – O ex-presidente da Petrobras e do Banco do Brasil Aldemir Bendine foi denunciado nesta terça (22) pela força-tarefa da Operação Lava Jato, sob acusação de corrupção, lavagem de dinheiro, organização criminosa e embaraço à investigação.
É o primeiro ex-presidente da Petrobras a ser denunciado na Lava Jato.
Bendine, que assumiu a estatal em meio à investigação, em fevereiro de 2015, é suspeito de solicitar R$ 3 milhões em propina para executivos da Odebrecht, a fim de proteger a empreiteira em contratos da Petrobras.
O pedido de propina, que teria ocorrido pouco depois da posse de Bendine, foi relatado na delação do ex-presidente da empreiteira Marcelo Odebrecht e do diretor da Odebrecht Ambiental, Fernando Reis. Segundo eles, o executivo se colocou como interlocutor da Presidência na estatal e disse que iria resolver os problemas financeiros de empresas envolvidas na Lava Jato.
Segundo o procurador, e-mails encontrados no endereço institucional de Bendine mostram que ele chegou a consultar o departamento jurídico da Petrobras sobre a possibilidade de encerrar o bloqueio cautelar contra a Odebrecht na estatal e que também atuou para a contratação direta do estaleiro Enseada Paraguaçu, do qual a empreiteira é sócia.
Um desses pedidos foi feito dias depois da reunião que acertou o pagamento da propina com a Odebrecht, em maio de 2015.
As duas operações, porém, não foram recomendadas pela área jurídica da Petrobras.
Segundo a denúncia, os pagamentos da propina foram feitos em três parcelas de R$ 1 milhão, em espécie, em junho e julho de 2015.
Bendine está preso preventivamente desde o final de julho. A pena do executivo, caso condenado, pode chegar a 25 anos de prisão. Cabe ao juiz Sergio Moro decidir se aceita ou não a denúncia.
OUTRO LADO
O advogado de Aldemir Bendine, Pierpaolo Bottini, afirmou que a atuação do cliente “pautou-se pela legalidade” e que não houve benefício à Odebrecht nem a qualquer outra empresa no período em que ele esteve à frente da estatal.
Segundo o defensor, quando esteve à frente da Petrobras, o executivo “intensificou política de ampla e irrestrita colaboração e interação com as autoridades”.