Uma instituição com duas décadas de existência conta com a ajuda de profissionais de saúde para sobreviver e manter o atendimento a crianças e adolescentes em situação de risco em Curitiba. O Lar Dona Vera, no Jardim Pinheiros, no bairro Santa Felicidade, enfrentou uma forte queda de recursos e doações nos últimos anos. A entidade mantém duas casas, com capacidade total para 26 crianças ou adolescentes. 

Precisamos de voluntários, não podemos depender do SUS, diz a diretora do Lar Dona Vera, Monica Tindó. Só consultas com infectologistas fazemos pelo programa Mãe Curitibano ou no Hospítal Pequeno Príncipe, para o resto dependemos de voluntários. O agravante, afirma ela, é o grande número de crianças que chegam à instituição com sífilis. Temos que levá-las para o neurologista de dois em dois meses, na fisioterapia e no oftalmologista de seis em seis meses. Uma ressonância custa RS 1.025, mais R$ 400 de anestesia, diz. O importante é que essas crianças não têm tido sequelas.

Hoje, segundo Monica Tindó, a entidade sobrevive de doações e dos repasses da Fundação de Ação Social (FAS). Os valores pagos por crianças em Araucária ou Pinhais, por exemplo, são maiores. Estamos pedindo para a FAS melhorar esse valor per capita, para continuarmos a sobreviver, afirma. De acordo com ela, esses recursos são usados exclusivamente para o pagamento de funcionários. Para complementar a renda, a entidade conta com valores arrecadados com a captação no Imposto de Renda, na conta da Copel e na nota fiscal (quando o cliente não pede o CPF na nota). As notas vêm para nós, já entram como doação. Já estão suprindo muitas necessidades, como os exames das crianças, diz.

As doações em dinheiro ainda são poucas. Pouquíssimas pessoas fazem depósitos, diz Monica. De acordo com ela, até a nova regra sobre os boletos bancários atrapalhou na hora de arrecadar. O banco começou a cobrar pelos boletos e as pessoas têm feito depósitos, mas aí não têm tanto compromisso. Temos doações de comida, material de higiene e a ajuda de colégios, que fazem gincanas.

O Lar Dona Vera foi fundado em 1996 e possui duas casas. Uma pertence à entidade e funciona exclusivamente como berçário com 12 vagas para bebês que variam de recém-nascidos a 1 ano e 11 meses. A segunda casa foi alugada em 2010 para abrigar 12 crianças na faixa etária de 2 a 9 anos.

Entre 1999 e 2016, segundo o site da instituição, 270 crianças abrigadas e 244 desabrigadas; houve 77 retornos familiares, 14 transferências, 120 adoções nacionais e 33 adoções internacionais.

Entidades filantrópicas terão linha de crédito de R$ 10 bilhões em 2018
As entidades filantrópicas terão a partir do ano que vem um novo recurso financeiro para reestruturar as unidades de saúde. Sancionada ontem, a lei nº 7.606 cria o Programa de Financiamento Específico para Santas Casas e Hospitais Sem Fins Lucrativos que atendem o SUS (Pró-Santas Casas). A iniciativa, que fortalece o setor filantrópico brasileiro, prevê no Orçamento Geral da União recursos na ordem de R$ 10 bilhões, a serem operados pelos bancos oficiais federais (BNDES, CEF e BB) em duas linhas de crédito em um prazo de cinco anos.
As linhas de crédito, com força de lei, estão disponíveis para reestruturação patrimonial das entidades filantrópicas que se encontram em crise financeira ou incremento do capital de giro. Serão liberados R$ 2 bilhões anuais consignados no Orçamento Geral da União. Inicialmente, o programa terá duração de cinco anos, começando em 2018 e terminando em 2022. O acesso ao Pró-Santas Casa independe da existência de saldos devedores ou da situação de inadimplência das entidades em relação a outras operações de crédito existentes, desde que os recursos liberados sejam utilizados integralmente para o pagamento dos débitos em atraso.
O novo programa também prevê a prorrogação dos prazos de pagamentos das dívidas e aumento nas carências dos pagamentos para as instituições que fizerem adesão à medida. Dessa forma, os bancos oficiais federais ficam obrigados a criar duas modalidades entre suas linhas de crédito para atender especificamente a este setor: reestruturação patrimonial, com taxa de juros de 0,5% ao ano, prazo mínimo de carência de dois anos e de amortização de 15 anos; crédito para capital de giro, com taxa de juros correspondente à Taxa de Juros do Longo Prazo (TJLP), carência mínima de seis meses e amortização em cinco anos. Em qualquer uma das operações, a cobrança de outros encargos financeiros ficará limitada a 1,2% ao ano sobre o saldo devedor.
Para aderir ao Pró-Santas Casas, as instituições deverão apresentar um plano de gestão para ser implantado em até dois anos, contados da assinatura do contrato. O limite do crédito será equivalente aos 12 últimos meses de faturamento.

Serviço
Nome: Associação Caminho da Vida – Lar Dona Vera
O que faz: Acolhimento de crianças e adolescentes em situação de risco
Endereço: Rua Adolfo Lutz, 62 (Jardim Pinheiros)
Telefone: (41) 3364-8979
E-mail: [email protected]
Site: lardonavera.org.br
Doações em dinheiro
Podem ser feitas por meio de depósito bancário, com autorização de débito automático em conta corrente, com autorização de desconto na conta de luz ou via boleto.
Doações de materiais
O Lar Dona Vera recebe doações de roupas, móveis, eletrodomésticos, alimentos, produtos de higiene e limpeza, uniformes escolares, uniformes de trabalho para os funcionários e roupas de cama, mesa e banho.
Voluntários
O Lar Dona Vera precisa de voluntários das mais diversas áreas de instrutores que possam orientar atividades das crianças e pessoas que façam serviços gerais, como cortar a grama, cuidar da horta ou levar as crianças ao médico. Também aceita a colaboração de especialistas, como dentistas, pediatras e fisioterapeutas. Os interessados devem entrar em contato pelo telefone (41) 3364-8979 e assistir a uma palestra no Centro de Ação Voluntária.