SYLVIA COLOMBO BUENOS AIRES, ARGENTINA (FOLHAPRESS) – Os resultados da autópsia do corpo encontrado na última terça-feira (17), no rio Chubut, na Patagônia, confirmam que se trata do artesão Santiago Maldonado, 28, desaparecido desde o último dia 1º de agosto, durante a repressão, por parte da Gendarmeria (polícia federal de fronteiras), a um protesto de indígenas mapuche de que ele participava. Na noite de sexta-feira (20), a família já havia reconhecido que o cadáver era de Maldonado por meio de suas tatuagens e de outras características físicas. Os legistas, porém, afirmam que não há sinais de golpes, facadas, ferimentos ou tiros no corpo, o que sugere que Maldonado possa ter morrido afogado e permanecido por mais de dois meses no leito do rio. Exames adicionais ainda estão sendo realizados para comprovar essa hipótese. O ministro de Justiça, Germán Garavano, disse neste sábado (21) que o resultado “desmente vários depoimentos”, referindo-se ao relato de indígenas mapuche de que Maldonado havia sido levado com vida pelos gendarmes. A declaração provocou imensa polêmica, porque, caso a versão dos depoimentos seja correta, seria possível afirmar que a Gendarmeria foi responsável por sua morte e pelo ocultação de seu cadáver. O tema tem sido explorado na campanha eleitoral argentina, que culmina neste domingo (22). A família, porém, contesta as autoridades. Em afirmações à imprensa e num comunicado divulgado neste sábado (21) diz que “ainda é inexplicável para nós a negativa do governo nacional de que houvesse colaboração de peritos das Nações Unidas na busca”. E acrescenta: “a Gendarmeria é responsável por sua morte e vamos continuar investigando”. A nota diz ainda que “o calvário sobre seu desaparecimento terminou, mas não nossa busca por Justiça”. Sergio Maldonado afirmou não acreditar na hipótese de afogamento e pede que a Justiça siga investigando não apenas como o irmão morreu, mas também se houve “encobrimento e obstruções durante a busca”. A Anistia Internacional divulgou um comunicado dizendo que a identificação do corpo de Santiago Maldonado “marca um trágico dia para os direitos humanos e a Justiça”. Afirma, ainda, que Maldonado “foi vítima de desaparecimento forçado durante um protesto”.