SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A explosão de uma bomba seguida de um ataque a tiros contra uma mesquita no norte do Egito deixou ao menos 235 mortos e mais de 125 feridos nesta sexta (24), segundo a agência estatal Mena. De acordo com a agência de notícias Associated Press, o ataque aconteceu na mesquita de Al-Rawdah, em Bir al-Abed, que fica a 70 quilômetros de El Arish, capital do Sinai egípcio próxima da fronteira do país com Israel e com a Faixa de Gaza.

A imprensa local disse que bombas explodiram dentro da mesquita no fim das orações de sexta-feira. Enquanto as pessoas fugiam, cerca de 40 homens armados que estavam em jipes dispararam contra a multidão. Os canais de TV locais mostraram dezenas de ambulâncias na região para atender as vítimas. Pelo menos 50 veículos levaram alguns dos feridos para hospitais de El Arish.

Segundo o jornal americano “The New York Times”, pelo menos um homem-bomba esteve envolvido no ataque. De acordo com a agência de notícias Reuters, é o ataque mais letal da história moderna do Egito. A mesquita atacada congrega seguidores do sufismo, uma vertente mística do islamismo que não é aceita por grupos extremistas.

Até o fechamento deste texto, nenhuma facção havia assumido a autoria do ataque. Nos últimos três anos, a região do Sinai tem sido palco de confrontos recorrentes entre as forças de segurança do governo e militantes do Estado Islâmico, que miram especialmente cristãos residentes na região. Centenas de pessoas já morreram em diferentes episódios dessa queda de braço. Horas depois do ataque, as Forças Armadas do Egito começaram a realizar ataques aéreos contra locais ligados aos extremistas nas montanhas ao redor de Bir al-Abed. “As Forças Armadas e a polícia vão vingar nossos mártires e restaurar a segurança e a estabilidade com a maior força”, disse o presidente Abdel Fattah al-Sisi na televisão egípcia. “O que está acontecendo é uma tentativa de impedir nossos esforços na guerra contra o terrorismo, de interromper nosso trabalho para parar o terrível plano criminoso que quer destruir o que restou da nossa região”, completou.

Os ataques naquele perímetro começaram depois que o então presidente Mohammed Mursi, da Irmandade Muçulmana, foi destituído pelos militares, em 2013. O atentado desta sexta aconteceu um dia antes de o Egito começar um período de testes de três dias de abertura na passagem da fronteira com a Faixa de Gaza. A iniciativa foi adiada.

LUTO

Al-Sisi convocou uma reunião de emergência sobre o ataque e decretou luto de três dias no país. O Ministério de Relações Exteriores do Brasil disse em nota estar “consternado” com o caso e enviou condolências às famílias das vítimas. Segundo a pasta, até o momento não sabe de nenhum brasileiro que tenha sido atingido no ataque. Já o presidente americano Donald Trump chamou o atentado de um “horrível e covarde ataque terrorista”. “O mundo não pode tolerar o terrorismo. Nós devemos derrotá-lo militarmente e desacreditar a ideologia extremista que forma a base de sua existência”, disse ele. O ministro das Relações Exteriores da França, Jean-Yves Le Drian, também condenou o caso e expressou apoio ao governo egípcio.