Uma série de ocorrências de alergia pelo contato com o pó (cerdas) de mariposas tem assustado o litoral do Paraná. Apenas na segunda-feira (27), em um período de dez horas, foram 325 atendimentos em Paranaguá. Segundo a Secretaria de Saúde de Paranaguá, no Hospital Paranaguá, 10% dos atendimentos foram por causa da mariposa.

O episódio chama a atenção para um problema que costuma registrar crescente nos períodos de calor: os acidentes envolvendo animais, em especial os peçonhentos. Segundo informações do Ministério da Saúde, é justamente entre dezembro e março, em pleno verão, que os acidentes desse tipo mais acontecem, respondendo por cerca de 40% dos registros de todo o ano.

No Paraná, segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde (Sesa), são registrados pelo menos 35 ocorrências envolvendo animais por dia. Em 2016 foram 14.226 casos, enquanto neste ano, apenas até setembro, haviam sido 9.851 acidentes. Já em Curitiba, município que lidera as estatísticas no estado, o número de ocorrências no período de maior calor chega a aumentar 75% no verão.

Desde o ano passado a Capital registrou um total de 2.405 casos envolvendo animais peçonhentos, dos quais mais da metade (1.212) foram registrados apenas nos meses de dezembro, janeiro, fevereiro e março. As ocorrências mais comuns são envolvendo aranhas, com um total de 1.869 registros – 882 apenas nos meses entre dezembro e março.

Já no litoral paranaense, além dos casos envolvendo mariposas, que são atraídas pela luz e, ao se debaterem perto de lâmpadas, liberam cerdas que podem atingir a pele ou ficar depositadas em roupas e outros objetos, há também os casos com água viva. O último verão, inclusive, bateu recorde nesse aspecto, com mais de 26 mil incidentes.

Mas afinal, o que explica o aumento das ocorrências nas estações mais quentes? Aí, dois aspectos devem ser levados em consideração, o primeiro relacionado aos próprios hábitos dos animais, já que algumasespécies têm mais atividade nos meses quentes, que é também a época de reprodução para eles. O outro aspecto é uma maior exposição da população, com atividades ao ar livre ou mesmo dentro de casa, como atividades de limpeza ou no jardim.

Mariposa

No caso de Paranaguá, a secretaria municipal de Saúde dá dicas para prevenir o contato. Fechar as janelas e portas no entardecer, apagar as luzes externas das residências, não permanecer embaixo de postes luminosos, retirar roupas dos varais no entardecer, limpar os móveis, no contato com a mariposa, nunca leve as mãos aos olhos ou coce o local. Buscar atendimento médico com urgência.

Como prevenir
Aranhas
– As aranhas-marrom saem em busca de alimento à noite, e é neste momento que podem se esconder em roupas, toalhas, roupas de cama e calçados. Por isso, a recomendação é sempre bater as roupas antes de vestí-las
– A picada nem sempre é percebida pela pessoa, por ser pouco dolorosa. A dor pode iniciar várias horas após
– Usar telas em ralos do chão, pias ou tanques
– Afastar camas e berços da parede, evitar que roupas de cama e mosquiteiros toquem o chão, não pendurar roupas na parede

Escorpiões
– Manter jardins e quintais limpos. Evitar o acúmulo de entulhos, folhas secas, lixo doméstico, material de construção nas proximidades das casas. Manter a grama aparada
– Limpar periodicamente terrenos baldios vizinhos ajuda a que os animais não invadam o seu quintal
– Não pôr as mãos em buracos, sob pedras e troncos podres. É comum a presença de escorpiões sob dormentes da linha férrea
– Sacudir roupas e sapatos antes de usá-los. Usar calçados e luvas de raspa de couro ao trabalhar com lenha ou em locais de risco

Serpentes
– O uso de botas de cano alto ou perneira de couro, botinas e sapatos evita cerca de 80% dos acidentes
– Usar luvas de aparas de couro para manipular folhas secas, montes de lixo, lenha, palhas, etc. Não colocar as mãos em buracos. Cobras gostam de se abrigar em locais quentes, escuros e úmidos
– Limpar paióis e terreiros, não deixar amontoar lixo. Fechar buracos de muros e frestas de portas, evitar acúmulo de lixo ou entulho, bem como mato alto ao redor das casas

Abelhas, vespas e marimbondos

– Em caso de um ataque maciço, procure jogar-se na água ou correr em zig-zag entre a vegetação
– Jamais tente mexer com enxames de abelhas e vespas
– Ao se defender, nunca mate a abelha no corpo, pois o inseto irá liberar feromônia, que dá uma espécie de sinal de alerta para o resto da colmeia
– Pessoas alérgicas devem evitar locais onde existam abelhas e não usar produtos que exalem odores intensos, como perfumes e xampus
– Evite passar a mão sobre a picada, o que pode liberar mais veneno
– Se for detectado algum enxame localizado em um beiral, árvore ou quintal, evite provocar barulho e procure um profissional especializado para retirar a colônia

Mariposas

– Fechar janelas e portas durante o entardecer por aproximadamente 2 horas
– Apagar luzes externas das moradias
– Retirar a roupa dos varais antes do entardecer
– Nunca pegar o animal com as mãos sem proteção
– Não coçar a pele em caso de contato com o inseto
– Não levar as mãos aos olhos em caso de contato e lavá-las imediatamente