SYLVIA COLOMBO
CIDADE DO MÉXICO, MÉXICO (FOLHAPRESS) – A campanha presidencial para a eleição de julho de 2018 no México acabou de começar, e ainda há novos nomes para serem apresentados à disputa —a data máxima para inscrições de candidatos é o próximo dia 14.
A novidade mais estranha é o abraço entre o direitista PAN (Partido da Ação Nacional), dos ex-presidentes Vicente Fox e Felipe Calderón, e o esquerdista PRD (Partido da Revolução Democrática).
Como o PAN perdeu sua principal candidata, a ex-primeira-dama Margarita Zavala —mulher de Calderón—, que concorrerá de forma independente, é provável que a México à Frente (PAN-PRD) apresente ou o jovem Ricardo Anaya, presidente do PAN, ou o atual prefeito da Cidade do México, o esquerdista Miguel Ángel Mancera.
Há, ainda, uma representante do movimento zapatista —que viveu seu auge na década de 1990—, a indígena María de Jesús Patricio Martínez, mais conhecida como Marichuy.
“Os intelectuais e os jovens de esquerda estão entusiasmados com ela. Eu não sou de Chiapas nem indígena, meus antepassados são espanhóis e sempre vivi em cidade grande, mas mesmo assim creio que passou da hora de o México ter um representante dessa parcela da população no poder”, diz o escritor Antonio Ortuño. Dos 120 milhões de habitantes do país, mais de 10% é de origem indígena.
OBSTÁCULO
Há apenas um obstáculo aos independentes como Zavala ou Marichuy. Eles precisam conseguir um mínimo de 870 mil assinaturas para inscrever sua candidatura.
Nas últimas semanas, na Cidade do México, houve vários eventos em universidades e jornadas convocadas por jovens pela internet com o objetivo de recolher assinaturas para a candidatura de Marichuy.
“As redes sociais e a nova geração de eleitores estão mudando as velhas práticas no México. Não sei se a mudança chegará já nesta eleição, mas coisas como o ‘dedazo’ não parecem que seguirão sendo eficientes por muito tempo, por conta da renovação da política, tanto em termos de atores como de recursos”, afirma o cientista político John Ackerman.