Na era dos teclados, em que quase tudo (especialmente no tocante à escrita) é feito via computador ou celular, a antiga e requintada arte da caligrafia ainda resiste. Em Curitiba, a prova disso é o professor Ivo Nissola. Uma espécie de último dos moicanos, o caligrafista ajuda manter viva a paixão não apenas pelo escrever bem, mas também pelo escrever bonito, com elegância, uniformidade e beleza.

Sou tipo um mico-leão-dourado. Somos uma espécie em extinção, afirma o caligrafista que, apaixonado desde a juventude por letra técnica, hoje mantém um dos principais cursos de caligrafia do país, com aulas presenciais todos os sábados no Solar do Rosário e cursos intensivos de 15 dias nos meses de julho e dezembro. Além disso, criou há 28 anos o seu primeiro Manual de Auto Treinamento, que recentemente ganhou uma versão adaptada voltada para médicos, inspirado numa sugestão de seu filho, que recentemente se formou em Medicina.

Os materiais oferecem cursos rápidos, práticos e de fácil assimilação, com aproximadamente 40 horas de treinamento. Para quem quiser conferir e também saber mais sobre, basta acessar o site www.cursodecaligrafia.com.br ou entrar em contato pelo telefone (41) 99854-8133

Em seus mais de 30 anos de carreira, o caligrafista estima ter ensinado a arte da escrita manual a mais de 10 mil alunos, levando em consideração que vende, em média, um manual por dia – o produto é comercializado em seu site por valores entre R$ 125 e R$ 152 e há até um manual específico de caligrafia voltado para médicos.

O público, porém, é bastante diverso, incluindo profissionais de web design, jovens estudantes (principalmente vestibulandos) e muitos artistas plásticos. Tem alguns que fazem umas obras lindas, incríveis, mas na hora de assinar, quase estragam o quadro (risos). Aí me procuram para aprender a fazer a assinatura, comenta Nissola, destacando que cerca de 70% de seus alunos são do sexo feminino.

Ainda segundo o caligrafista, a procura pelo Manual e pelos cursos tem aumentado nos últimos anos, na esteira da crescente dificuldade que a população enfrenta na hora de escrever à mão – reflexo, segundo Nissola, da falta de aulas de caligrafia nas escolas e também um sinal dos novos tempos, em que as pessoas escrevem muito pouco, alguns quase que exclusivamente em redes sociais.

Tem aumentado a procura. Escrever hoje é uma coisa difícil, rara, só que está ficando tão obsoleto a escrita que as pessoas estão querendo voltar, aprender novamente a escrever bonito, porque usar esse tipo de letra valoriza muito o trabalho. E quando a pessoa aprende o segredo dos traços, começa a se divertir, recebe elogios e aí se empolga. Começa escrevendo devagar, mas depois vai acelerando com a prática.

Escrita manual é essencial

No ano passado, um estudo desenvolvido pelo setor de psicologia educacional da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, analisou a forma como a linguagem oral e escrita se relacionava com a atenção e as habilidades de função executiva, como planejamento, em crianças do quarto ao nono ano. Segundo Virgínia Berninger, principal autora do estudo, os resultados obtidos sugerem que escrevem à mão envolve mais a mente, ajudando as crianças a prestarem mais atenção à linguagem escrita.

Na mesma linha, um outro estudo desenvolvido pela professora Laura Dinehart, da Universidade Internacional da Flórica, já apontava que crianças com boa escrita à mão eram mais capazes de conseguir notas melhores, uma vez que seu trabalho era mais agradável aos professores, enquanto aqueles com letra mais feia demandavam atenção maior na leitura das letras, fazendo o conteúdo ficar em segundo plano na análise.

Rápida
Oportunidade de trabalho
Entre os alunos que fazem o curso presencial com Ivo Nissola, no Solar do Rosário, não são poucos os que veem na caligrafia a oportunidade de garantir um importante complemento de renda. Segundo o professor, cerca de 70% dos alunos tem a intenção de trabalhar na área. É um complemento de renda, um trabalho que você pode fazer fora do horário de trabalho. E aqui em Curitiba tem muita demanda porque o curitibano preza muito pelo manuscrito, que é algo mais chique, comenta Nissola. Eu, por exemplo, cobro R$ 1,80 por cada convite que faço. Se o profissional for bem treinado e utilizar material apropriado, dá até para fazer 180 convites num dia, complementa.