RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – A invasão ao Maracanã por torcedores do Flamengo na final da Sul-Americana, contra o Independiente, foi marcada uma semana antes do jogo, pelas redes sociais. Em troca de mensagens, torcedores diziam que integrantes da organizada Torcida Jovem, que está banida por se envolver em uma série de brigas, entrariam no estádio sem ingressos. Eles chamavam amigos para participar do ato. As entradas para a partida se esgotaram uma semana antes da final. Na quarta-feira (13), pouco antes do início da decisão do torneio sul-americano, centenas de torcedores derrubaram portões e grades de segurança das entradas D, E e F e invadiram o Maracanã. No meio do tumulto, torcedores foram pisoteados. Com o empate em 1 a 1 diante dos cariocas, o Independiente conquistou o título. A confusão tomou conta do Maracanã desde o início da noite de quarta. Dezenas de confrontos foram registrados nos arredores do estádio. Antes e depois da final, bombas de efeito moral e spray de pimenta foram disparados pelos policiais para conter os torcedores. O ônibus da delegação argentina teve os vidros quebrados na chegada ao Maracanã por fãs do time carioca. Um dia após a invasão, o Flamengo e as autoridades de segurança do Rio deram versões distintas sobre as causas dos problemas na partida. O comandante do Gepe (Grupamento Especial de Policiamento em Estádios), major Silvio Luis, afirmou que o esquema de venda de ingressos feito pelo Flamengo ajudou na confusão. As entradas foram carregadas no cartão dos sócios torcedores, o que dificultou para os policiais a identificação das pessoas que estavam nos arredores do estádio e não tinha bilhetes. Segundo o major, centenas de pessoas conseguiram ultrapassar as barreiras de conferência de ingresso e chegar nas catracas sem ter o ingresso porque mostravam o cartão de sócio torcedor. “Com esse grande número de torcedores sem ingresso ali na frente, as confusões se iniciaram e foi ficando mais difícil de controlar”, afirmou. De acordo com a PM, 650 militares foram mobilizados no policiamento dentro e fora do estádio. Além disso, 700 seguranças particulares trabalharam no Maracanã. Em nota, o Flamengo contestou a versão da polícia nesta quinta-feira (14). O clube diz que o principal problema não foi o uso de cartões-ingressos descarregados e reclama do número de policiais que trabalharam no jogo. “Em reuniões operacionais antes da partida, o Flamengo notificou o Comando Maior da Polícia, assim como o Gepe, o 6º Batalhão (Tijuca) e a Guarda Municipal, solicitando o maior efetivo possível, dado o grande apelo da partida. Por sua vez, contratou quase mil seguranças privados para atuar a partir do momento da revista e acesso a catracas e em vários setores dentro do estádio”, diz a nota. O Flamengo afirma também que “dada tal escalada de violência”, “se propõe a, junto com os órgãos públicos, encontrar soluções para que seus jogos decisivos no Maracanã tenham o efetivo de segurança adequado, planejamento e bloqueios de ruas compatíveis com sua complexidade, uma vez que a Polícia Militar do Rio de Janeiro tem encontrado muitas dificuldades do ponto de vista de estrutura e contingente para realizar seu trabalho”. ESTRAGOS Bares dentro do estádio foram quebrados e saqueados na noite de quarta. A concessionária que administra o Maracanã ainda contabiliza o prejuízo pelo tumulto. A conta será repassada ao Flamengo. O clube carioca arrecadou R$ 6.694.300 com a bilheteria da decisão. Seis trens foram depredados depois da final da Sul-Americana. Segundo a Supervia, 54 janelas foram destruídas e apenas um trem conseguiu ser recuperado para operação nesta quinta-feira. A empresa também encontrou estragos em pelo menos quatro estações. Catorze torcedores foram detidos durante a confusão. Todos foram liberados. Um torcedor foi atropelado fora do Maracanã.