Rodolfo Luis Kowalski
O surto de febre amarela que assola a região sudeste do país (já são 212 casos confirmados em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais) tem preocupado a população curitibana, especialmente após a confirmação do primeiro caso registrado na Capital. De acordo com a Prefeitura de Curitiba, porém, não há motivos para alarde, uma vez que a cidade segue livre do vírus da febre amarela – o caso confirmado foi importado – e aproximadamente um quarto da população já está imunizada contra a doença.
De acordo com a secretária municipal da Saúde, Marcia Huçulak, desde 2002 quase meio milhão de curitibanos foram imunizados contra a febre amarela. Como a cidade conta com 1.908.359 habitantes, de acordo com estimativa do IBGE, podemos dizer que aproximadamente 26,2% da população curitibana já foi imunizada – isso, inclusive, é mais um fator que contribui que Curitiba siga sem a circulação do vírus.
Embora esteja em falta nos centros de vacinação particular (o reabastecimento deverá acontecer nas próximas semanas), a vacina da febre amarela está disponível nos postos de saúde. Desde 19 de janeiro, a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) adotou um cronograma de vacinação, que pode ser consultado no site www.saude.curitiba.pr.gov.br. Importante destacar, ainda, que quem já tomou a vacina em algum momento da vida não precisa mais fazer a revacinação – medida adotada desde 2017 pelo Ministério da Saúde.
Na Capital, ainda segundo a Prefeitura, foram aplicadas uma média de 15 mil doses por ano entre 2000 e 2016. A única exceção foi 2008, quando foram mais de 130 mil doses – naquele ano, o Paraná voltou a registrar casos autóctones após 42 anos, com uma morte. Em 2017, já por conta do surto na região sudeste, a demanda triplicou, com a aplicação de mais de 45 mil doses.
Já em 2018, segundo a médica Marion Burger, do Centro de Epidemiologia da SMS, a demanda está tão alta quanto há 10 anos. Ela, contudo, destaca que as pessoas não devem se vacinar ‘simplesmente porque está na moda’, ressaltando ainda que desde 942 não é resgistrado um caso urbano de febre amarela no Brasil.
A vacinação é recomendada para pessoas de até 59 anos que vão viajar para áreas de risco – prioritariamente para o Sudeste, especialmente em regiões silvestres e de matas – e nunca tomaram a vacina, e ainda as crianças aos 9 meses de idade (vacinação de rotina). É necessário tomar a vacina pelo menos dez dias antes do embarque. Quem não tem viagem programada não precisa se imunizar.

Paraná tem um caso confirmado e outros três em investigação
O Ministério da Saúde confirmou ontem que o Paraná tem três casos de febre amarela ainda em investigação, além do já confirmado, que envolve uma curitibana de 36 anos que contraiu o vírus em uma viagem para Mairiporã (SP) no final de dezembro de 2017.A paciente é acompanhada pela secretaria de saúde da cidade, evolui bem e não há risco de transmissão. A cidade segue livre da circulação do vírus e mantém as estratégias de prevenção.
Apesar do cenário aparentemente positivo, contudo, a Prefeitura decidiu prevenir do que ter de remediar mais tarde. Por isso, anunciou ontem que está intensificando a capacitação dos profissionais das redes pública e privada de saúde, emitindo notas técnicas e vídeos de orientação para a identificação precoce de pacientes com sintomas suspeitos de febre amarela.
Entre as ações está o monitoramento dos macacos bugios e dos saguis – hospedeiros do vírus da febre amarela silvestre – feito pela Unidade de Vigilância de Zoonoses. Curitiba não tem nenhum registro de macacos mortos pela infecção do vírus. Outra medida é o combate ao mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, zika, chikungunya e da febre amarela urbana. O Programa Municipal de Controle do Aedes promove uma série de ações que mantiveram os índices de infestação do mosquito em Curitiba próximo a zero no ano passado.

Estado não tem circulação do vírus nem falta de vacina
Embora a demanda pela vacina da febre amarela tenha crescido extraordinariamente, ao ponto de o medicamento estar em falta em alguns estadoss, o Paraná conta com quantidade suficiente para atender os pacientes do SUS, segundo informou a Secretaria Estadual de Saúde (Sesa). Não está faltando vacina nas unidades do Paraná, afirma Julia Cordelini, superintendente de Vigilância em Saúde da Sesa.
Pedimos à população que busque as unidades de saúde de maneira organizada, tranquila, sem pânico, para saber se precisa e pode tomar a vacina. Estamos priorizando a população que ainda não tomou uma dose e vai viajar para áreas de risco, complementa. Não temos casos daqui do Paraná e não somos área de risco para febre amarela. Isso precisa ficar muito claro para não gerar pânico e não deixar a população assustada, finaliza.