BUENOS AIRES, ARGENTINA (FOLHAPRESS) – As pesquisas assustaram o gabinete do argentino Mauricio Macri. Seguindo orientação de seu guru de imagem, o equatoriano Jaime Durán Barba, o presidente reagiu abraçando uma causa popular entre seus eleitores: segurança.
O presidente chamou à Casa Rosada um policial que havia matado um ladrão que esfaqueara um turista ao tentar roubar sua câmera.
Afastado, o policial é julgado por homicídio e alega legítima defesa, embora um vídeo de câmera de segurança que emergiu após a visita mostre que ele atirou pelas costas. A oposição e entidades de direitos humanos criticam a afobada defesa que Macri fez do policial.
Outro revés está na luta contra a corrupção, ponto central de seu discurso.
Primeiro, o presidente foi surpreendido pelo fato de seu ministro do Trabalho, Jorge Triaca, responsável pela reforma trabalhista, ser acusado pela ex-empregada doméstica de não a ter registrado nem pago indenização ao demiti-la (o governo admitiu o erro do ministro, mas não o demitiu).
Na semana passada, investigação do jornal “La Nación” mostrou que o ministro das Finanças, Luis Caputo, primo do melhor amigo do presidente, Nicolás Caputo, teria sido sócio de uma offshore não declarada quando já era servidor.
Depois, veio a ordem de demitir parentes de até segundo grau do Executivo.
Logo o impacto positivo foi substituído pela perplexidade com a quantidade de parentes (40) empregados sem concurso por esta gestão, driblando leis antinepotismo com contratações cruzadas. Entre os que empregaram familiares estão Triaca, o chefe de Gabinete, Marcos Peña, e o ministro do Interior, Rogelio Frigerio.
Os episódios alimentaram pedidos para que o presidente deixe o cargo, e não apenas da oposição.
O ex-chefe da Corte Suprema Raúl Zaffaroni declarou: “Macri tem de ir o quanto antes para evitar uma catástrofe. Que saiam por meio de um procedimento constitucional de julgamento político, ou que tirem o pé do acelerador, senão teremos um grande problema”.
Em artigo publicado na semana passada, o “Wall Street Journal” afirmou que Macri herdara uma situação econômica ruim da antecessora, Cristina Kirchner, mas que deveria agir rápido para conter a inflação e deixar de contrair dívida externa.
“Se não, sua presidência corre o risco de não chegar ao fim”, alerta o texto.