DANIEL CARVALHO
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Ao abrir o processo de votação do decreto de intervenção federal no Estado do Rio de Janeiro nesta segunda-feira (19), o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), fez um discurso em que disse ser necessário superar diferenças ideológicas para combater o crime.
“Somos chamados a superar diferenças ideológicas, conceitos diversos de gestão da máquina pública, para mostrar união contra um inimigo comum a todos os homens e mulheres de bem. Um inimigo comum a todos que têm espírito público: o crime organizado”, disse Maia.
O presidente da Câmara, que havia, inicialmente, se posicionado contra a intervenção proposta pelo presidente Michel Temer, a defendeu nesta noite.
“Estamos numa guerra contra o crime. Nossa arma é a Constituição. E a nossa missão é defender a democracia dando ao Estado os poderes excepcionais previstos na Constituição para assegurar a manutenção da ordem e do Estado Democrático de Direito”, afirmou Rodrigo Maia.
“A intervenção fará a máquina do Estado convergir todo o seu poder, todos os seus instrumentos, para a vitória contra o crime. Contra os criminosos. Contra os bandidos. A intervenção é um instrumento constitucional. É dispositivo do livro basilar das democracias: a Constituição.”
E seguiu: “Quando esse poder, exercido pelo Estado, é sequestrado, é roubado, é espoliado pelo crime organizado, só resta a esse mesmo Estado reagir usando as ferramentas, as armas que a Constituição nos dá para combater os bárbaros. A intervenção é, nesse momento, a maior dessas ferramentas”, afirmou Maia.
O deputado rebateu o discurso da esquerda de que a ação do governo representa uma intervenção militar.
“Não se trata de intervenção militar. Longe disso. Vamos votar aqui um decreto de intervenção do governo federal no estado do Rio de Janeiro. Diga-se de forma clara e direta: Se fosse uma intervenção militar, esta Casa, com toda razão e com todo o meu apoio e energia, a derrotaria.”
Em sua fala, Maia também criticou a gestão do Estado do Rio de Janeiro sem citar nominalmente o governador Luiz Fernando Pezão (MDB-RJ).
“O governo do Rio de Janeiro sucumbiu à desordem. Torna-se urgente, inadiável, fazer prevalecer a ordem. Levar de volta a paz de espírito às ruas do Rio de Janeiro e de todo o país também”, disse o presidente da Câmara.
Maia afirmou que não era papel da Casa apenas chancelar a intervenção no Rio.
“É também o [papel] de deixar claro que o Estado brasileiro e nós, Congresso Nacional, não seremos omissos onde e quando o crime organizado seguir ameaçando a autoridade do Estado”, disse Rodrigo Maia.