TATIANA CAVALCANTI
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A demora entre os ônibus municipais foi a principal reclamação dos passageiros no ano passado, mostram dados da SPTrans (São Paulo Transporte), empresa da gestão João Doria (PSDB). Foram 9.285 queixas, de um total de 35.428 sobre o transporte público.
Em segundo lugar, ficaram as queixas a respeito de motoristas que não atendem embarque e desembarque, com 8.102 reclamações.
A primeira e segunda colocada no ranking inverteram as posições registradas em 2016: naquele ano, foram 11.340 queixas por não parar e 10.611 por demora dos ônibus (chamado de intervalo excessivo de linha).
O auxiliar de escritório Cassiano Gomes Júnior, 18 anos, afirma que diariamente espera no ponto, no mínimo, 25 minutos pelo ônibus da linha 967-A/10 (Pinheiros-Imirim), que passa na avenida Duque de Caxias. “Tem dias em que espero 40 minutos. O problema é que, muitas vezes, passam dois ônibus da mesma linha na sequência do outro e prejudica quem perde um deles.”
Outras queixas de passageiros, segundo a SPTrans, são tratar o público em geral com falta de respeito (3.890), descumprimento de partida no ponto inicial ou final (2.868) e velocidade incompatível ou manobras bruscas (2.763). No geral, o número de reclamações caiu 26% na comparação entre os dois anos. Foram 48.271 reclamações em 2016, contra 35.428 do ano passado.
FISCALIZAÇÃO
A SPTrans atribuiu a queda à ampliação da fiscalização em 2017, que levou em consideração as informações dos passageiros. Outra justificativa para a queda nos números, ainda segundo a prefeitura, foi o início, em março do ano passado, das multas às viações de forma eletrônica, por meio de monitoramento por GPS, quando detectadas viagens não realizadas aos sábados e feriados.
A SPTrans, empresa da gestão João Doria (PSDB), afirma que houve queda nas reclamações gerais, incluindo a demora do ônibus e o não atendimento ao embarque e desembarque. Afirma também que os passageiros devem fazer suas reclamações, pois elas contribuem com a fiscalização e melhoria do serviço.
Quanto à linha 967-A/ 10 (Pinheiros-Imirim), a SPTrans disse que identificou desajustes nas partidas e que intensificará o monitoramento dela.
O SPUrbanuss (sindicato das empresas) diz que, infelizmente, condições de operação, falta de prioridade ao transporte público, semáforos não preferenciais aos coletivos, congestionamentos e falta de conservação das vias (asfalto irregular) prejudicam o desempenho dos ônibus.(TC)
Redução da frota, não reposição de motoristas, aumento no intervalo do almoço e ônibus que já saem dos terminais superlotados são algumas das razões apontadas pelo presidente do Sindmotoristas (Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores em Transporte Rodoviário Urbano de São Paulo), Valdevan Noventa, para as reclamações contra motoristas.
“A culpa sempre recai no trabalhador, quando, na verdade, a propagada nova licitação vai reduzir a frota em mil ônibus. E veículos velhos foram retirados de circulação sem substituição. Considerando isso, e que o quadro de funcionários está enxuto e desfalcado, na grande realidade o tempo de intervalo vai aumentar, mesmo, diz.
Basta parar em um ponto de ônibus para escutar reclamações de passageiros. A conduta de alguns motoristas é a queixa da estudante Liana Victória dos Santos, 22 anos, que aguardava ontem coletivo na República (região central de SP).
“Alguns saem antes de o passageiro se estabilizar ou mesmo correm para compensar o tempo perdido no trânsito. Dá medo, quase caí várias vezes”, afirma.
A operadora de caixa Viviane Medeiros, 29 anos, conta que usa aplicativo para saber o horário do ônibus. “Essa espera no ponto é muito cansativa”, diz.
A operadora de telemarketing Michelle Duarte Bezerra, 33 anos, reclamou que o ônibus atrasou dez minutos além do normal, anteontem, no corredor de ônibus da avenida São João. “Deve ter sido por causa da chuva.”