EDUARDO SODRÉ
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Grupo PSA Peugeot Citroën, que hoje também controla a marca alemã Opel, lançará uma nova linha de carros eletrificados entre 2019 e 2020.
Segundo Carlos Tavares, presidente mundial do grupo PSA, os modelos terão tecnologia própria, desenvolvida pelos departamentos de engenharia da empresa. O executivo veio ao Brasil para reuniões e visita à fábrica de Porto Real (RJ).
A montadora já havia anunciado que todos seus veículos terão uma versão híbrida (que concilia motores a combustão e a eletricidade) ou 100% elétrica a partir de 2025.
Hoje, os modelos não poluentes da PSA vêm de parcerias, como o Peugeot iOn, que foi desenvolvido pela japonesa Mitsubishi.
HISTÓRIA
A Peugeot produziu seu primeiro carro elétrico em 1940, o VLV (sigla para “voiture légère de ville”, carro urbano leve). O objetivo era driblar a escassez de combustível durante a Segunda Mundial.
O compacto tinha baterias de chumbo e autonomia para rodar cerca de 80 quilômetros, desde que o motorista não ultrapassasse os 30 km/h.
Cerca de 400 unidades do VLV foram fabricadas até que o projeto fosse encerrado. Com o fim do conflito, a gasolina voltou aos postos.
Nos anos 1990, o 106 Eletrique foi uma nova tentativa da marca francesa. Contudo, custava caro e vendeu pouco na Europa.
CUSTOS FUTUROS
Apesar dos investimentos, a visão de Tavares sobre o futuro dos veículos elétricos não é muito otimista. O executivo diz que a transição será difícil também para os governos, que devem perder receita com o menor número de vendas de veículos a gasolina ou diesel —que pagam impostos elevados.
Para equilibrar a conta, será preciso modificar o sistema de tributação sobre os automóveis eletrificados, que hoje têm isenções fiscais em grandes mercados. No Brasil, modelos como o elétrico BMW i3 e o híbrido Toyota Prius chegam isentos de imposto de importação e, em breve,terão o IPI (imposto sobre produtos industrializados) reduzido.
“Qual governante hoje vai anunciar um aumento de impostos por causa dos veículos elétricos? E qual será o preço cobrado pela eletricidade, que impacta no custo do quilômetro rodado? E como será a reciclagem das baterias? Ainda não há uma regulação completa”, diz o executivo.
Para Tavares, “há um risco muito grande de que os carros elétricos sejam usados como política eleitoral nas grandes cidades”.
Contudo, o executivo tem certeza de que a adoção de tecnologias não poluentes é um caminho sem volta para a indústria automotiva. “Ou nos reinventamos, ou desaparecemos”.
BRASIL
O grupo PSA passou por uma grave crise no começo da década, quando esteve à beira da falência. Carlos Tavares chegou à empresa em 2013 para iniciar o processo de reestruturação, que teve seu ponto alto na compra da alemã Opel, que incluiu também a marca inglesa Vauxhall.
No Brasil, o grupo viu vendas e rentabilidade despencarem nos últimos anos, com prejuízos seguidos. As marcas estão renovando suas linhas de produtos e começa a obter bons resultados. O utilitário de luxo 3008 (R$ 145 mil) tem fila de três meses.
A Citroën prepara o lançamento da linha 2019 do sedã C4 Lounge, com mudanças de estilo. A marca lançará também o utilitário C4 Cactus, que deve estrear no segundo semestre.
Sobre a Opel, Tavares afirma que a decisão sobre sua chegada ao Brasil caberá à filial. Os carros podem vir como importados e até terem produção local no futuro, apostando na memória do consumidor.
Diversos carros desenvolvidos pela empresa alemã chegaram ao país com a marca Chevrolet, como Opala, Chevette, Kadett, Astra e Vectra.