SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Auxiliares dos caciques tucanos paulistas José Serra, Geraldo Alckmin e Aloysio Nunes reagiram com preocupação à revelação de que Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, apontado como operador do PSDB, tinha R$ 113 milhões na Suíça. Teme-se que o detalhamento das transações que resultaram nesse saldo seja trazido à tona. Como o Ministério Público da Suíça enviou espontaneamente a pares brasileiros dados sobre quatro contas em banco suíço atribuídas a Vieira, há expectativa de que agora seja revelado o caminho do dinheiro.

Reservadamente, aliados de uns atribuem aos outros o elo com Paulo Preto, amigo de longa data do ministro Aloysio Nunes Ferreira (Relações Exteriores) e diretor da Dersa nos governos Alckmin, em 2005 e 2006, e Serra, de 2007 a 2010. A avaliação feita no tucanato é que a revelação é grave porque dificilmente incontestável e o volume de dinheiro, alto. O montante é maior que o dobro encontrado no bunker ligado ao ex-ministro Geddel Vieira Lima (R$ 51 milhões em dinheiro vivo).

Investigado sob suspeita de ser operador do hoje senador José Serra (PSDB-SP) em desvios de recursos do Rodoanel, Paulo Preto, por meio de sua defesa, anexou decisão que estava sob sigilo no inquérito que tramita no STF (Supremo Tribunal Federal). A informação sobre as contas bancárias foi citada pela juíza Maria Isabel do Prado, da Justiça Federal em São Paulo, por isso ela veio a público nesta terça-feira (21). Os R$ 113 milhões foram contabilizados em junho de 2016 e, em fevereiro de 2017, transferidos para um banco em Nassau, nas Bahamas, no período em que a delação da Odebrecht estava em processo de homologação no STF.

REAÇÕES

No entorno de Serra, considera-se que o dano de imagem ao senador é grave, ainda que juridicamente possa haver saídas, inclusive a prescrição. Investigado na Operação Lava Jato, o tucano desistiu de disputar eleições neste ano. Ele era cotado para o governo paulista, mas ainda tinha desejo de concorrer à Presidência. Seu mandato no Senado está na metade. Auxiliares lamentam que Serra seja associado a Paulo Preto, quando, dizem, ele o “herdou” do governo Alckmin e nunca teve a mesma relação que tem com Aloysio.

Assessores de Alckmin, porém, dizem que as acusações têm delimitação temporária clara. Vão de 2007 a 2010, quando Serra estava à frente do Palácio dos Bandeirantes. Para o grupo do governador, será inevitável que o noticiário da Lava Jato e correlatos se intensifiquem conforme avança o calendário eleitoral. Alckmin deve ser o candidato do PSDB à Presidência. Interlocutores de Aloysio, que se prepara para deixar o governo e disputar a reeleição no Senado, lembram que o tucano sempre reafirma a sua amizade com Paulo Preto, independentemente das acusações. Mas mostram irritação com a associação feita entre ambos –o ministro teve inquérito desmembrado.