ÉRICA FRAGA SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Se por um lado há grande preocupação no Brasil em relação ao risco de que a chamada quarta revolução industrial eliminará empregos, por outro, empresários reclamam que falta mão de obra qualificada para ocupar novas vagas que estão surgindo na esteira de mudanças como a expansão da inteligência artificial. “Conversando com clientes aqui nos últimos dois dias, percebi que há esses dois sentimentos contraditórios”, afirmou Gianfranco Casati, presidente da Accenture, para mercados em crescimento, como América Latina e Ásia.

O executivo moderou um debate sobre quarta revolução industrial nesta quarta-feira (14) durante o Fórum Econômico Mundial para América Latina, em São Paulo. Em outra mesa cujo tema era a economia pós-industrial, as discussões também foram focadas na formação de jovens para empregos que ainda nem existem.  Segundo os participantes dos painéis, esse desafio faz com que o mais importante seja treinar os trabalhadores para que eles tenham habilidades sociais, como capacidade de cooperar e de aprender a resolver problemas. “Devemos ensinar as pessoas a aprender a realizar tarefas e não trabalhos. Devemos focar em atividades e não em setores”, disse Angel Melguizo, diretor da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico) para América Latina.

Para o ministro de Finanças da Colômbia, Mauricio Cárdenas, o desafio da revolução digital e da necessidade de inovação não é incompatível com atividades econômicas centradas no setor de commodities, como muitas latino-americanas. Ele e outros palestrantes, como Melguizo, ressaltaram que a região precisa desenvolver novos serviços relacionados à produção de commodities. “Isso não implica deixar de pensar em inovação. Na Colômbia, por exemplo, temos direcionado 10% dos royalties de petróleo para investir em ciência e tecnologia”. De acordo com Michael Gregoire, CEO da CA Technologies, o fato de que os latino-americanos são grandes consumidores de tecnologia é causa para otimismo. Mas, ressalta ele, a região precisa transformar esse interesse em iniciativas para gerar maior inovação. A percepção dos debatedores é de que os países latino-americanos têm ficado para trás nesse quesito.