Ativista-símbolo do combate à violência contra a mulher, Maria da Penha visita nesta quinta-feira (22/3) a Casa da Mulher Brasileira de Curitiba, uma das primeiras unidades do Brasil de assistência especializada no atendimento a mulheres em situação de risco.

Vítima de violência perpetrada pelo próprio marido, a luta da farmacêutica por Justiça lhe rendeu reconhecimento dentro e fora do país: foi reconhecida como mulher coragem pelo governo dos EUA e batizou a lei brasileira de combate à violência contra mulheres.

Segundo Terezinha Beraldo Pereira Ramos, assessora de Direitos Humanos e coordenadora de Políticas para Mulher de Curitiba, o pedido da visita foi da própria Maria da Penha. Essa visita evidencia a luta pela garantia de direitos na nossa capital, diz a coordenadora. É muito representativo tê-la aqui neste espaço que é 100% dedicado ao combate da violência contra mulheres.

Maria da Penha este vem 2015 na unidade, quando ela ainda estava em obras — a inauguração ocorreu em 2016. No ano passado, a unidade realizou quase 15 mil atendimentos.

Para a coordenadora da Casa da Mulher Brasileira, Sandra Praddo, a visita de Maria da Penha tem uma simbologia especial. A Casa é também consequência da luta que ela desenvolveu; agora ela tem a oportunidade de conhecer melhro nossos serviços e conversar com a nossa equipe, o que vai gerar uma motivação extra para todos, afirma.

A ativista está em Curitiba a convite da Defensoria Pública do Paraná e vai participar na quinta do lançamento do Núcleo Especializado de Promoção e Defesa dos Direitos da Mulher, da Defensoria.

História de vida
Cearense, Maria da Penha Maia Fernandes nasceu Fortaleza, em 1945. Em maio de 1983, aos 38 anos, levou, enquanto dormia, um tiro nas costas do então marido, Marco Antonio Heredina Viveros. Passou meses em situação grave, mas voltou para casa – e a violência continuou. Levou o marido à Justiça, ele foi condenado duas vezes, mas não preso.

Passaram-se 19 anos até que ela conseguisse que ele cumprisse pena na cadeia, após denunciar o Brasil na Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA). O país foi condenado pelo organização por tolerância e omissão estatal com que os casos de violência pela mulher eram tratados na Justiça.

A condenação mudou a legislação no país, que em 7 de agosto de 2006 aprovou por unanimidade na Câmara e no Senado Federal a Lei 11.340, chamada de Lei Maria da Penha.

Formada em Farmácia e Bioquímica, com mestrado em Parasitologia em Análises Clínicas, ela publicou em 1994 o livro Sobrevivi… Posso Contar.

Maria da Penha já recebeu diversas homenagens, como a condecoração Mulher Coragem, do governo americano, e o Prêmio Direitos Humanos 2013, do governo brasileiro. Ela percorre o país participando de palestras, seminários e encontros, oportunidades em que reforça a importância importância de a lei que leva seu nome ser sempre acionada quando necessário.