VICTORIA AZEVEDO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Sem atrasos, o rapper da zona leste de São Paulo Rincon Sapiência subiu ao palco Budweiser com um público nitidamente maior do que o dos shows anteriores. O céu estava encoberto por nuvens, para a alegria do público.
Os amigos estudantes de Belo Horizonte, Ana Wulfric, 20, e Vitor Kramer, 20, vieram conferir o show do rapper. “Ele tem um estilo próprio e um exemplo de representatividade para a galera”, disse ela.
Vestindo uma saia xadrez abaixo dos joelhos, blusa preta, correntes de prata no pescoço e óculos escuros, o MC começou com a música “Galanga Livre”, faixa-título de seu primeiro disco da carreira, lançado em 2017.
Com influências das músicas africana, eletrônica e jamaicana, o álbum com 13 músicas traz letras que abordam a consciência e a valorização da afrodescendência no Brasil contemporâneo. 
“Marielle, presente. Esse é o país dos afrogenocídios. Estou aqui para contar a história do escravo Galanga que matou seu senhor de engenho” disse.
Depois da terceira música, trocou de roupa e colocou uma camiseta azul da seleção brasileira de futebol.
“Nunca é demais repetir: Marielle, presente. Estamos em um país que tem um alto índice de genocídio de pretos e pretas e isso acontece geralmente nas periferias. É um índice de que as coisas precisam mudar”, disse ele. Atrás, um desenho da vereadora era projetado no telão.
Em seguida, chamou a cantora Iza para subir ao palco. Além do refrão do hit “Paredão”, ela cantou a música “Ginga”, uma parceria com o rapper.
Um dos pontos altos foi a canção “Ponta de Lança (Verso Livre)”, apresentada para um público que pulava e cantava junto.
“Durante muito tempo eu pensei em ficar marombado e fazer academia. Mas ai eu percebi que não preciso porque eu saio do chão junto com vocês. Eu estou suado”, disse o MC, que não ficou parado em nenhum momento.
Ele terminou o show com a sua terceira referência a vereadora Marielle Franco. “Resistiremos”, disse