Assim como a bandeira, alguns pratos também são a marca mais famosa de um país. Todo mundo sabe que o hambúrguer é o ícone dos Estados Unidos e que a torta holandesa é um símbolo da Holanda… Na verdade, não é bem assim… Por conta das dominações de um povo pelo outro e das migrações, não é só a língua e os costumes que viajam para vários lugares. A comida também atravessa fronteiras, a ponto de um povo ou país se achar dono de um prato.

É o caso do hambúrguer que, apesar de ser a marca número 1 dos fast-foods americanos, não nasceu na terra do Mickey Mouse. E por aí vai. Há também o caso do sanduíche Bauru que, mesmo levando o nome dessa cidade do interior de São Paulo, foi, na verdade, inventado na própria capital paulista por um bauruense! Confira mais histórias curiosas de receitas como essas.

Torta holandesa

A reportagem ligou para a Embaixada da Holanda, em Brasília, e teve uma surpresa: lá ninguém conhece a torta holandesa! Segundo o chef Marcius Temperani, do restaurante O Compadre, de São Paulo, essa delícia que leva biscoito de maisena e chocolate é originária de Campinas. “A receita foi criada por Sílvia Leite, em 1991. Ela era, na época, proprietária de um café no centro de Campinas e deu o nome ‘holandesa’ à torta em homenagem aos bons momentos que viveu na Europa”, explica o chef.

Churrasco grego

A história mostra que o churrasquinho grego pode também ser chamado de churrasco árabe. A Grécia esteve sob domínio turco-otomano entre os séculos 15 e 19 e, por isso, não se sabe ao certo qual povo foi o inventor desse prato. Os gregos o chamam de “gyros”, os turcos de “kebab” e os árabes de “shawarma”. Por aqui, o churrasco é feito com bifes prensados e colocados no pão francês. Nas versões grega, turca e árabe, o sanduíche é feito com pão sírio.

Bife à milanesa

Ao que tudo indica, este prato é muito antigo e é bem provável que tenha mesmo nascido em Milão, na Itália. O historiador italiano Pietro Verri cita, no livro Storia di Milano (História de Milão), o cardápio de um almoço realizado no ano de 1134 na Igreja de Santo Ambrósio, em Milão. Nele, estava a descrição exata de como se prepara um bom bife à milanesa: empanar a carne com ovos batidos e farinha de rosca antes de fritar.

Ainda assim, resta uma dúvida. Quem popularizou a iguaria? A hipótese mais aceita é que foram os austríacos, quando ocuparam a Itália no século 18. O dicionário Larousse diz que a preparação de um prato à milanesa é semelhante à receita austríaca “wiener schnitzel”.

Arroz de braga

O arroz pode até levar o nome de Braga, uma cidade ao norte de Portugal, mas o fato é que, por aquelas bandas, os garçons morrem de rir toda as vezes que algum brasileiro pede o prato em um restaurante. Em Braga, ninguém conhece o arroz de Braga! Há até uma piada que diz: “Há arroz em Braga, mas não Arroz de Braga”.

A origem mais provável do nome dessa receita é a seguinte: um senhor português veio para o Brasil e começou a fazer um prato em seu restaurante muito comum das terras lusitanas, o arroz de pato à moda de Braga.

Mas, por aqui, o pato não fez lá muito sucesso no paladar brasileiro e o dono da receita decidiu modificá-la, trocando o pato por frango e lingüiça.

Não se pode afirmar com certeza que essa receita seja de origem portuguesa. O mais correto é que ela tenha inspiração em um costume da cozinha lusitana.

Antigamente, famílias portuguesas aproveitavam o que sobrava do cozido do dia anterior e faziam um risoto, adicionando alguns legumes.

Pão francês

O nosso querido pãozinho francês é, na verdade, uma criação legitimamente brasileira. Essa delícia que não pode faltar na mesa do café da manhã de dez em cada dez brasileiros surgiu por aqui no início do século 20, perto da Primeira Guerra Mundial.

Até o fim do século 19, o pão mais consumido no Brasil era completamente diferente, com miolo e casca escuros. A receita que conhecemos hoje surgiu por encomenda de alguns brasileiros endinheirados que voltavam de viagens da Europa, principalmente da França, e pediam a seus cozinheiros que reproduzissem pela aparência um pão muito popular em Paris. Ele era curto com miolo branco e casca dourada – um precursor da baguete. O que faz a diferença entre o nosso pãozinho e sua inspiração francesa é que foi adicionado açúcar e gordura na receita .

Hmabúrguer

O nome deste prato denuncia que sua origem, ao contrário do que todo mundo pensa, não tem nada de norte-americana. O hambúrguer chegou aos Estados Unidos no século 19 por meio de imigrantes vindos da cidade de Hamburgo, na Alemanha. Os americanos só acrescentaram o pão.

Uma das versões sobre a origem do hambúrguer diz que no fim do século 17 tribos nômades da Ásia Ocidental desenvolveram a técnica de temperar a carne bovina, bem picadinha, para evitar que ela apodrecesse. Marinheiros alemães descobriram a receita, mas passaram a cozinhar a carne. A iguaria fez tanto sucesso que se tornou um prato típico alemão.