Depois de décadas estagnado, o setor ferroviário volta a ser alternativa para o transporte de massa no País e no Paraná. Vários projetos, alguns em andamento, devem alavancar o setor se saírem do papel, e ainda de quebra fazer diminuir o caos no espaço aéreo e nas rodovias brasileiras. Na terça-feira, o governo federal incluiu na Medida Provisória que criou o Plano Nacional de Viação, estudos para implantar o Trem de Alta Velocidade (TAV) ligando Curitiba a Belo Horizonte, passando por São Paulo. Neste ano, O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) inicia estudos em 13 trechos para a implantação de ligações ferroviárias para o transporte de passageiros. O Paraná tem dois destes trechos. Na semana que vem entra em operação a primeira linha turística de luxo sobre trilhos no Paraná, a Great Brazil Express.

Embora sejam estudos ou projetos, o uso de trens — e em especial dos TAV — são vistos como a melhor alternativa para o País. “Não é possível imaginar o Brasil daqui dez, vinte anos, sem os trens de alta velocidade”, opina o presidente da Ferroeste, Samuel Gomes. Ontem, ele participou de evento no Instituto de Engenharia do Paraná (IEP), onde o assunto não poderia ter sido outro.

O IEP vai lançar nas próximas semanas uma entidade especial com a finalidade de mobilizar a sociedade e a política paranaense para defender o TAV entre Curitiba e São Paulo. “Estamos organizando os parceiros e criando instrumentos institucionais para a defesa desse projeto”, conta Gomes, que também é vice-presidente para a América Latina da União Internacional de Ferrovias, uma das signatárias da nova entidade.

Os engenheiros do IEP já falam nos TAVs há quatro anos, e garantem que têm pronto um esboço para o projeto entre Curitiba e São Paulo, no circuito Curitiba-Registro-capital paulista. “Nós temos detalhes técnicos, ambientais e também finaceiros. Estimamos que sejam necessários US$ 6 bilhões, com retorno dos investimentos em 25 anos”, garante o engenheiro e professor aposentado da UFPR, Jurimar Cachiolo, um dos homens à frente do projeto.

Norte e Oeste — Mas não  são apenas os TAVs que estão em evidência. A malha ferroviária nacional, ociosa, também pode ser recuperada a partir de projetos do BNDES. Neste ano, o banco inicia estudos para implementar regiões metropolitanas com o transporte de massa ferroviário. São 13 trechos em estudo, entre eles a ligação entre Londrina e Maringá, no Norte do Estado, e entre Cascavel e Foz do Iguaçu. “A indicação dos trechos foi da Ferroeste. Londrina e Maringá é prioritário, e ligaria as duas principais cidades do Norte com uma linha para passageiros. Cascavel e Foz tem potencial para o turismo”, conta o presidente da Ferroeste.

A linha entre Cascavel e Foz já deve ser usada na próxima semana, quando a Great Brazil Express inicia as viagens turísticas em pacotes desde os Campos Gerais até Foz do Iguaçu. O trem da Great Brazil tem capacidade para 44 passageiros, e alia romantismo com conforto.

Até o final do ano, a empresa espera transportar 2.112 turistas. Agosto está com lotação total, e há poucas vagas para as próximas férias. Até dezembro, a ocupação reservada já é de 60%, mostrando o potencial do setor.

Outra linha que explora o turismo é a Serra Verde Express, que opera a Litorina, entre Curitiba e Paranaguá, passando por Morretes e Antonina. A empresa transporta 140 mil passageiros por ano, e é o único trem do País a ter partida diária regular, inclusive com horários certos. Não é comum, mas pode inclusive ser usado para o deslocamento diário para quem necessita chegar até Paranaguá.