Vinte e quatro ônibus da frota do transporte coletivo já estão circulando pela cidade com os trabalhos de artistas visuais curitibanos, selecionados pelo edital Arte Urbana – Transporte Coletivo, do Programa de Apoio e Incentivo à Cultura da Prefeitura de Curitiba. As imagens são exibidas por meio de plotagem na parte traseira dos veículos.

São nove diferentes propostas. A obra Alegorias, de Paulo César Oliveira, faz uma leitura contemporânea dos símbolos primitivos das culturas Majoara, Haida e Asteca. O indivíduo no coletivo é o trabalho fotográfico documental de Arthur Lauriano do Carmo. André Rondinelli de Almeida Mendes produziu o painel Jardinagem libertária, numa reflexão sobre a ocupação do espaço urbano. A obra Atalho, de José Roberto da Silva, executada no processo de gravura em metal, relaciona o contexto da circulação urbana com a ficção sobre os objetos.

Esperança, de Simon Louis Ducroquet, é uma representação da figura feminina. A obra Urbanóide, de Fabrizio Andriani, apresenta, na linguagem dos quadrinhos, o ser humano “tecno-transformado”. Tié Passos da Silva produziu a obra Coletivo Sustentável, uma imagem que representa atitudes de sustentabilidade, como reciclar, separar o lixo, plantar árvores, usar meios de transporte coletivo, entre outros. Os ônibus expõem, ainda, a obra Por um fio, de Ivane Angélica Carneiro, e a obra Labirinto, de Valdecir Ferreira de Moraes, uma criação que sobrepõe três elementos – um fusca, uma bicicleta e um labirinto.

Para Fabrizio Andriani, autor de uma das obras, a proposta de expor trabalhos artísticos nos ônibus permite que o grande público tenha acesso ao que os artistas querem comunicar. “Essa iniciativa torna a arte muito mais democrática”, diz Andriani. O artista, que participou da primeira edição do edital de Arte Urbana, no ano passado, garante que a resposta do público ao projeto é muito boa. “As pessoas comentam sobre o trabalho. O público é amplo e heterogêneo, diferente daquele que freqüenta museus e galerias de arte”, observa.

O artista plástico André Mendes, autor do painel Jardinagem libertária, afirma que a arte exposta num equipamento urbano muda completamente de significado. “A iniciativa permite que as pessoas se acostumem a observar a arte que está nas ruas e tirem proveito dessa experiência visual”, diz.

Os projetos receberam recursos do Fundo Municipal da Cultura. Como contrapartida social prevista no edital, os artistas ministrarão gratuitamente para a comunidade cursos, palestras e oficinas de artes visuais.

O Fundo Municipal da Cultura (FMC) é um agente financiador de ações e programas culturais da Prefeitura, com recursos garantidos por renúncia fiscal de até 1% da arrecadação anual de Imposto Sobre Serviços (ISS) e Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU). O Fundo é gerenciado pela Fundação Cultural de Curitiba em conjunto com uma Comissão com representantes das classes artísticas. A previsão é que os investimentos da Prefeitura em projetos do Fundo ultrapassem neste ano os R$ 7 milhões.

Até 2006, o teto de recursos do Fundo Municipal era de R$ 3 milhões, pois a antiga lei de incentivo à cultura destinava até 0,5% da arrecadação anual de ISS e IPTU para o Fundo e 1,5% para o Mecenato Subsidiado (apoio indireto a projetos culturais, com patrocínio da iniciativa privada por meio de renúncia fiscal).

Com o Programa de Apoio e Incentivo à Cultura (PAIC), criado pelo prefeito Beto Richa e aprovado pela Câmara Municipal após uma revisão da lei de incentivo, os recursos do Fundo e do Mecenato Subsidiado são agora divididos de forma paritária. Ou seja, até 1% da arrecadação de ISS e IPTU para financiamento das atividades do Fundo e até 1% da arrecadação para financiar projetos do Mecenato.

Com os editais do Fundo, a Prefeitura leva atrações para toda a cidade, como o edital Música nos Parques, que contrata músicos locais para shows nos parques, com entrada franca. Os editais também têm contrapartida social, com os artistas oferecendo cursos, palestras, oficinas ou shows direcionados a comunidades carentes.