O Ministério Público (MP/PR) abriu procedimento investigatório para apurar as denúncias de que a Companhia de Habitação do Paraná (Cohapar) gastou, entre fevereiro de 2007 e abril deste ano, mais de R$ 27 mil com despesas de alimentação de seu diretor-presidente, o ex-deputado Rafael Greca. As investigações, que estão à cargo da Promotoria de Proteção ao Patrimônio Público, foram motivadas por matéria publicada pelo Jornal do Estado, no último dia 13 de maio. Naquela data, a reportagem recebeu, de forma anônima, 68 notas de empenho da companhia, que comprovariam o uso indevido da máquina pública.

Segundo a denúncia, nessas ocasiões, o presidente não tratava de assuntos de interesse na Companhia. A Cohapar não nega os gastos, mas alega que as despesas se referem a compromissos oficiais. Além do salário de R$ 13.355,00 – Greca tem direito ainda a uma verba de representação no valor de R$ 8.806,00, na qual está incluído o vale alimentação.

O primeiro passo do promotor Fábio Gameiro foi solicitar uma série de documentos a Cohapar. A  partir do cruzamento dos dados fornecidos pela estatal com as notas fiscais dos restaurantes frequentados por Greca, a fraude possa ser confirmada.
Os gastos incluem refeições em restaurantes de luxo em Curitiba, como o Ille de France, especializado em cozinha internacional de alto padrão.

Além do Ille de France, os documentos revelam gastos no restaurante do Graciosa Country Club, Anarco Empório Restaurante, Ka Kiun Kim Cozinha Oriental, Estrela da Terra, La Pasta Gialla, Karbonel Frutos do Mar, Churrascaria Alto da Glória, Alma Lusa, Ponte Vecchio, Churrascaria do Erwin, entre outros. A natureza e os valores dos gastos contrastam com as prioridades estabelecidas pelo governo Requião para a Companhia de construir casa populares para paranaenses de baixa renda e contradizem o discurso de austeridade da atual administração, que prega uma suposta “opção preferencial pelos pobres”.

De acordo com os documentos obtidos pelo JE, as despesas seriam realizadas pelo presidente, porém os pedidos de ressarcimento invariavelmente levariam as assinaturas do diretor administrativo e financeiro da Cohapar, João Carlos Gonçalves Baracho e da assessora da presidência, Liete da Rocha Blume. A assessoria da empresa alega que os dois são responsáveis pelo setor financeiro, o que justificaria as assinaturas.