O que é fato e o que é mito sobre palavra cruzada? Ela cria mesmo dependência? Ajuda a memória de quem pratica? Eduardo Mutarelli, médico responsável pelo departamento de neurologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, diz que o jogo estimula a atenção e posterga o surgimento de doenças como Mal de Alzheimer.

Palavra cruzada ajuda a melhorar a memória?

DR. EDUARDO MUTARELLI – Ela ajuda por algumas comprovações. Para ter uma idéia, para resolver um passatempo, você precisa prestar atenção no que você acabou de ler, depois nos quadradinhos e em quantas letras têm. Isso estimula a atenção, a memória e a associação com as respostas.

É verdade que a prática ajuda a prevenir o surgimento de doenças cognitivas?

DR. EDUARDO MUTARELLI – Um jogo de xadrez ou aquele jogo da memória requer do participante que ele mantenha uma certa atenção no que está fazendo. Para as palavras cruzadas, a memória, de fato, é exercitada. Comprovadamente, exercícios físicos também ajudam a preservar a memória. Não afirmo categoricamente que o passatempo de palavra cruzada é o melhor exercício, mas ele é um bom exercício. Após fazerem 40 anos, as pessoas passam a apresentar alguma deficiência na memória. Se ela tem tendência a desenvolver o Mal de Alzheimer, a palavra cruzada pode ajudar a postergar o surgimento da doença.

E ela pode causar dependência?

DR. EDUARDO MUTARELLI – Não. Trata-se apenas de um passatempo e um estímulo à memória. É também um bom treino de atenção.

Caldeirão para uma sopa de letrinhas

– Somente uma das marcas de palavras cruzadas publica, por mês, 85 títulos.

– As empresas têm banco de dados com perguntas e respostas. Só a Coquetel conta com mais de meio milhão de palavras que podem ser utilizadas como respostas das cruzadas diretas. Ela produz, em média, 60 jogos diferentes por dia.

–  Brasil é o quarto maior mercado de palavras cruzadas do mundo. Fica atrás dos Estados Unidos, França e Itália.

– 60% dos consumidores têm nível universitário e 74% têm entre 16 e 45 anos.