A possível aprovação da celebração da Missa em Latim, pelo Papa Bento XVI, está alterando os ânimos de muita gente que, de forma equivocada, encara o fato como contestação ao Concílio Vaticano II. Uma coisa nada tem a ver com outra.


 


Bento XVI, ao celebrar os quarenta anos do encerramento do Concílio Vaticano II, no ano passado, o definiu como “o maior acontecimento eclesial do século 20”, e agradeceu a Deus pelo Concílio.


 


Sobre a possível autorização da missa em latim, o Cardeal Jean-Pierre Ricard, presidente da Conferência Episcopal da França, explicou bem a questão. Em 8 de setembro passado, foi criado o Instituo do Bom Pastor. A instituição reúne, em plena comunhão eclesial com Roma, sacerdotes franceses que no passado faziam parte da Fraternidade São Pio X, fundada pelo arcebispo Marcel Lefebvre (excomungado pelo Papa João Paulo II em 1988).


 


“Este projeto não se enquadra em uma vontade de criticar o missal conhecido como ‘de Paulo VI’, nem de proceder a uma reforma litúrgica. Os livros litúrgicos redigidos e promulgados após o Concílio são a forma ordinária e, portanto, habitual do rito romano. Este projeto tem sua origem mais no desejo de Bento XVI de fazer todo o possível para acabar com o cisma lefebvriano. O Papa deseja fazer o possível para estender a mão e manifestar uma acolhida, pelo menos àqueles que têm boa vontade e que manifestam um profundo desejo de comunhão”, disse o cardeal francês.


 


Está claro que a Igreja não mudou de rumo, nem o Papa Bento XVI levantou qualquer contestação ao Concílio Vaticano II. A aprovação universal da missa em Latim significa que o antigo rito pode ser celebrado livremente em todo mundo, pelos sacerdotes que assim o desejarem. Trata-se de um passo importante para resolver o cisma lefebvriano, já que é um dos principais pontos de tensão.


 


Já um Concílio Ecumênico é uma das formas de se manifestar a infalibilidade da Igreja. O Concílio Vaticano II traz, no §891: “Goza desta infalibilidade o Pontífice Romano (…) A infalibilidade prometida à Igreja reside também no corpo episcopal, quando este exerce seu magistério supremo em união com o sucessor de Pedro”, sobretudo em um Concílio Ecumênico (LG 25; Conc. Vat. I, DS 3074)”.


 


Evidentemente, quem duvida da legitimidade e da correção do Concílio Vaticano II, automaticamente se exclui do ensinamento da Igreja. Contestar o Concílio e ficar confundindo o povo, dizendo que foi um mal para a Igreja e que deve ser revogado, mais do que utopia, é prestar um enorme desserviço à Igreja. Todos os Papas, durante e depois do Concílio, elogiaram e deram sua aprovação de maneira contundente