O presidente da Associação Brasileira de Medicina em Grupos (Abramge), Cadri Massuda, chegou a sugerir durante o depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que, diante do desequilíbrio financeiro ocasionado por exames clínicos, internamentos, medicamentos e procedimentos hospitalares, que o ônus dos honorários médicos seja repassado aos usuários. Se os usuários pagarem o honorário médico, seja na consulta ou num procedimento hospitalar, os planos de saúde custeiam as demais despesas e a mensalidade do plano pode sofrer uma redução, sugeriu.
A CPI da Assembleia Legislativa que investiga a relação entre operadoras de planos de saúde suplementar e prestadores de serviço realizou ontem mais uma reunião. Foram ouvidos representantes das entidades que representam as empresas do segmento.
A proposta da Cadri foi criticada pelo presidente da CPI, deputado Adelino Ribeiro, que não entende como viável o usuário assumir mais um custo. O cidadão já paga um plano de saúde, paga caro, não pode assumir mais um custo. Se os planos acham que alguns procedimentos estão caros demais, é preciso procurar a Agência Nacional de Saúde, os hospitais e renegociar. O que não pode é o usuário ser penalizado.

Segundo Cadri, o avanço tecnológico também trouxe um custo maior aos planos de saúde, pois os exames com equipamentos modernos são mais caros. O dirigente observou ainda que antes da criação da ANS o Brasil tinha 5 mil empresas no ramo de planos de saúde e hoje o número reduziu para pouco mais de 900. Acreditamos que até 2020 serão menos de 500. As que não conseguirem sobreviver aos custos, serão absorvidas por outras maiores, afirmou. Segundo Cadri, as Unimeds registraram um lucro de 2,5% em 2012, algo em torno de R$ 660 milhões, enquanto que a Amil amargou um prejuízo de R$ 129 milhões.
O representante da Federação Nacional de Saúde Suplementar (Fenasaúde), Sandro Leal Alves, também se dedicou à apresentação de números referente às receitas e despesas e reforçou os custos referentes a material médico, medicamentos e procedimentos hospitalares impedem o reajuste dos honorários médicos. O dirigente informou que, em média, os filiados da Fenasaúde pagam R$ 60 por consulta médica. Precisa haver uma redistribuição de despesas para que possamos pensar em um reajuste dos honorários.

Mauro Pereira, da União Nacional das Instituições de Autogestão em Saúde (Unidas), afirmou que a entidade, não tem fins lucrativos, segue a tabela Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos (CBHPM).
Durante o depoimento o presidente da Abramge criticou hospitais, que estariam cobrando valores elevados e citou como exemplo o uso da bomba de infusão cujo custo, segundo ele, seria de R$ 19 por procedimento, mas os hospitais cobram até R$ 900 e os custos são arcados pelas operadoras.
O deputado Leonaldo Paranhos cobrou do dirigente a apresentação de documentos que comprovem a denúncia e os entregue à CPI. O parlamentar também declarou que existe uma guerra entre médicos, operadoras e a ANS, mas quem paga por isso é o consumidor, o que não podemos permitir.