O candidato do PSDB ao governo, o ex-prefeito de Curitiba, Beto Richa, gosta de posar de “bom moço”, diz que não apela para baixarias ou ataques, defende uma campanha de “alto nível”, e costuma atribuir eventuais críticas ao “desespero” dos adversários. Nos últimos dias, porém, o tucano tem dado demonstrações de que com o acirramento da disputa, já não consegue mais manter a pose de bonzinho, e em alguns momentos, corre o risco de perder o controle diante de questionamentos mais ácidos. Em recente debate com agricultores, por exemplo, quando questionado sobre qual teria sido sua posição como deputado na época em que era da base do governo Lerner e tentou-se vender a Copel, Richa quis saber quem tinha feito a pergunta, demonstrando irritação. Na terça-feira, novamente, desta vez em debate com estudantes, o tucano também revelou contrariedade quando foi questionado sobre os problemas da Linha Verde, chegando a dizer que quem tinha feito a pergunta não conhecia a obra. Partindo do raciocínio utilizado pelo próprio candidato, a conclusão que se tira desses exemplos de descontrole, portanto, é de que eles seriam um sinal de “desespero” do tucano.
Richa tem um bom desempenho nos programas eleitorais da TV porque eles são gravados. No confronto direto, sem edição ou teleprompter, ele se “enrola” todo quando tem que sair do discurso decorado. E nas eleições que disputou até hoje, nunca foi seriamente confrontado. Resta saber então como será a performance do tucano desta vez, quando terá que enfrentar uma eleição “de igual para igual” como a deste ano. Corre o risco de jogar por terra a imagem de bom moço, cultivada com base em muita propaganda e marketing.