Petista relata “pressões” e “ameaças” envolvendo caixa único e eleição do TCE, mas não dá “nome aos bois”

O líder da bancada de oposição na Assembleia Legislativa, deputado Elton Welter (PT), relatou ontem ter havido “pressões” externas e “ameaças” envolvendo a votação do projeto que criou o caixa único do governo do Estado, a proposta de repasse dos recursos dos depósitos judiciais para o Executivo, e a eleição para conselheiro do Tribunal de Contas do Estado. As declarações foram dadas em comentário à decisão do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que vetou hoje o repasse dos recursos não tributários dos depósitos judiciais sob controle do Tribunal de Justiça para o governo. A criação do caixa único que receberia esses recursos foi aprovada pela Assembleia em julho. “Infelizmente se usou de um poder de influência muito grande. Uma articulação entre os poderes para a eleição do TC. Foi uma força que se usou para a aprovação dessa lei”, alegou Welter.

Questionado a dar nomes, o petista se esquivou. “A influência externa foi grande. Conversas de bastidores. Pressão de pessoas. Não posso citar nomes”, afirmou. “Não posso dizer publicamente”, disse Welter.

A atitude irritou o líder do governo na Assembleia, deputado Ademar Traiano (PSDB), que cobrou o petista. “Você tem que dar ‘nome aos bois’. Tem que ser macho. Se não complica para a gente”, disse o tucano ao líder oposicionista.

Parlamentares estranharam que só agora, três meses após a votação do projeto, Welter venha relatar essas supostas pressões. E lembraram ainda que o petista nada falou sobre eleições anteriores para conselheiro do TCE, que sempre tiveram influência externa e foram igualmente questionadas na Justiça. Os casos vêm desde a era Lerner, cuja indicação dos ex-secretários Jaime Lechinski e Caio Soares para o tribunal foram contestadas judicialmente; a escolha do irmão do ex-governador Roberto Requião, Maurício Requião, derrubada na Justiça; e a nomeação do ex-procurador Geral do Estado, Ivan Bonilha, igualmente questionada juridicamente.

Welter, aliás, era deputado quando Maurício Requião foi eleito para o TCE, com o apoio do governador. O petista integrava a base governista na época.