FABIANO MAISONNAVE

MANAUS, AM (FOLHAPRESS) – Marcado pela volta de grandes chacinas, o ano passado foi o mais violento no campo desde 2003, com um total de 70 assassinatos, segundo relatório da CPT (Comissão Pastoral da Terra).

Em comparação com 2016, houve um aumento de 15% de homicídios.

O número pode ser ainda maior caso se confirme a suspeita do massacre de índios isolados por garimpeiros no Vale do Javari (AM), perto da fronteira com o Peru.

O Pará foi novamente o estado mais violento, com 21 mortos. O número inclui os dez sem-terra assassinados na chacina de Pau d’Arco (867 km ao sul de Belém), perpetrada por policiais militares, segundo as investigações.

Em segundo lugar, aparece outro estado amazônico, Rondônia, com 17 homicídios, seguido pela Bahia, com 10 casos.

Em quarto lugar, está Mato Grosso. Todos os nove assassinados no ano passado no estado são da chacina de Colniza, a 1.050 km ao norte de Cuiabá, em uma área em disputa na floresta amazônica. O acusado de ser o mandante do crime é um madeireiro, que está foragido.

Somados todos os assassinatos no campo na Amazônia Legal, foram 54 casos ao longo do ano passado, ou 77% do total.

Para o padre Paulo Santos, da coordenação nacional da CPT, o aumento da violência está ligado ao alinhamento do governo Michel Temer com o agronegócio.

“Os ruralistas estão com pleno poder para fazer o que querem. “Houve uma violência maciça para amedrontar e fazer a limpeza dos territórios para abri-las ao mercado de terras”, afirmou.

Desde que a CPT começou a fazer o levantamento, em 1985, houve 1.904 mortos por conflitos no campo. Desse total, apenas 113 casos foram julgados –8% dos crimes.