O jornalista e executivo de comunicação Ike Weber abriu mão de seu trabalho para embarcar em uma expedição de dez meses pelas Américas, viajando sozinho do sul do Peru ao Alaska por terra ou mar e conhecendo a fundo a cultura de 12 países. Da viagem, além de histórias, amigos e experiências, Weber trouxe nova visão sobre a trinca de fatores “risco, segurança e recompensa”, presente na vida de qualquer pessoa ou empresa.

A experiência da viagem foi compartilhada na última quinta-feira (15), na palestra “Expedição pelas Américas: Qual o Risco da Inovação?”, promovida pela Unioneblue, empresa de consultoria especializada na gestão de risco de Crédito, durante o 1º Congresso Regional de Crédito e Cobrança de Curitiba, no Espaço Madalosso.

Segundo Weber, o paralelo entre uma expedição e o mundo corporativo está nos riscos assumidos e a recompensa que se pode ter, especialmente ao se buscar a inovação. “O novo sempre assusta, mas é preciso ter em mente que, quanto maior o risco, maior a recompensa, tanto em uma viagem quanto no mundo corporativo”, afirmou Weber. Depois de dez meses longe de casa e mais de 530 horas de deslocamento (o equivalente a 22 dias), o executivo trouxe uma certeza na bagagem: “A melhor decisão é a já tomada. O pior que se pode fazer é ficar estagnado pela incerteza. Nunca será possível ver ou ter tudo, por isso é preciso fazer escolhas e lidar com o risco”, diz.

O raciocínio se aplica tanto à viagem, quando o jornalista precisava definir qual caminho seguir, como a qualquer empreendedor ou executivo de empresa, que assume os riscos de começar um novo negócio ou de iniciar nova empreitada em sua companhia. Nesse aspecto, Weber listou fatores importantes para atingir a inovação, como planejamento, superação, relacionamentos e orçamento. “O conceito de caro depende da recompensa que se pretende receber”, explica.

Em termos de planejamento, Weber lembra que, por melhor e mais detalhado que seja, há sempre variáveis que não podem ser controladas, gerando o risco. Durante a expedição, ele optou por não ter um roteiro definido pela América Latina em razão da facilidade de deslocamento, mas, ao chegar aos Estados Unidos, notou a necessidade de ter um planejamento antecipado. “É preciso ter informação e conhecer a realidade na qual se insere. Na América Latina, é muito tranquilo se locomover de ônibus ou barco, mas nos Estados Unidos há a necessidade de alugar um carro e se planejar com mais tempo”, relata.

Os momentos de crise geram outra relação entre o mundo corporativo e a expedição. Durante a viagem, Weber enfrentou a varicela, tomando decisões sem a informação adequada. Nas empresas, o cenário é semelhante: em tempos de dificuldades, escolher qual caminho tomar é uma incógnita. “Se descobrirmos o que pode ser feito antes, saímos na frente dos concorrentes. Esse pode ser o diferencial para sobreviver”, ressalta.

Para ele, em um ambiente difícil, o relacionamento é muito importante – e a competição deve ser deixada de lado. “Uma viagem ensina que a cooperação é fundamental. Tive companheiros, que permitiram trocar experiências e chegar a um nível de relacionamento mais profundo do que pessoas com quem convivi dez anos no mundo profissional”, destaca. Ao se incentivar somente a competição nas companhias, cria-se um ambiente que não permite às pessoas interagirem em favor de um interesse em comum: o crescimento da companhias e o pessoal.

Ao encarar as diferentes realidades da América, Weber realizou o sonho de adolescência e chegou a uma conclusão: “o excesso de racionalidade e do convencionalismo assassina os sonhos”, diz. E completa: “As empresas precisam ter em mente que, mais do que o lucro, precisam ter uma responsabilidade com a sociedade, encontrando maneiras de retribuir ou de construir modelos de negócios favoráveis a todos”. As informações e fotografias da expedição estão disponíveis no site www.ikeweber.com.