Muitos desconhecem que a Sociedade Protetora dos Animais (SPAC) atua além da proteção de cães e gatos. Na chácara situada em Colombo, onde a SPAC pretende construir sua sede própria, atualmente vivem três cavalos resgatados. Geralmente, vítimas de abandono e maus-tratos os animais costumam ser de Curitiba, Almirante Tamandaré, Pinhais, Colombo, São José dos Pinhais e Piraquara.

Fui conversar com Soraya Simon, presidente da SPAC, para saber um pouco sobre a história dos cavalos resgatados. Voluntária desde 2001, Soraya assumiu a entidade em 2008. Formada em Administração em Marketing, ela conta que sempre se sensibilizou com o sofrimento dos animais. O envolvimento com a Sociedade começou com a leitura de um pedido no jornal para doações de ração. O passo seguinte foi a atuação voluntária aos domingos e feriados e que permanece integral até hoje.

 

Desde quando você faz o resgate de cavalos?

Em 2010, a égua Monalisa foi a primeira. Ela foi regatada de um banhado no município de Almirante Tamandaré onde foi deixada para morrer com seu potrinho morto ainda ligado ao cordão umbilical. Pedimos ajuda ao Dr. Tiago Carcereri que foi atendê-la no local, tivemos que pedir ajuda da vizinhança para acolhê-la durante à noite até o dia seguinte para tentarmos encontrar um veículo para o transporte.

– Qual o caso que te chocou mais?

 Todos têm uma história triste. Mas o resgate mais difícil foi o do Bartolomeu que veio de Pinhais. Nos ligaram na noite anterior, pois ele estava caído. Pedi apoio da PM para verificar a situação. Ele estava bem mal. Chamei o Dr. Tiago. O animal foi medicado e conseguiu se levantar, mas estava com o rosto muito ferido. Pedimos novamente ajuda de um vizinho para abrigá-lo pela noite. No dia seguinte, conseguimos a ajuda do Transporte Stoco. Mas ao chegar no local, o animal não aguentou e caiu. Alguém da comunidade conhecia o pessoal da Prefeitura e vieram com um caminhão do meio ambiente com guincho. Ele precisou ser içado. Chegando na SPAC foi atendido novamente pelo veterinário. Recebeu soro, medicações e levantou. Foi adotado logo em seguida. Este eu achei que não teria recuperação, foi angustiante toda a situação.

– Quais os casos mais comuns? São sempre animais de carrinheiros? Possivelmente. O mais comum são animais feridos e debilitados em terrenos particulares ou baldios.

Você acredita que seja necessária uma lei específica proibindo o uso de cavalos por carrinheiros? A proibição nos centros urbanos seria ideal, mas envolve toda uma questão social e não abrange a Região Metropolitana e outros municípios do interior. O ideal é ter uma lei severa para facilitar a apreensão dos animais em situação de risco e dificultar e/ou impedir que eles retornem para as mãos de pessoas irresponsáveis, sem condições de mantê-los apropriadamente. Hoje estamos trabalhando com o deputado estadual Stephanes Junior para a criação de uma lei para apreensão que funcione dessa forma.

– É possível a adoção destes animais? Sim. Felizmente. Muitas famílias dispostas a adotá-los e com condições para mantê-los. Exigimos chácara própria com área adequada, morador no local, cercada, segura e com o compromisso de não utilizar os animais para trabalho ou procriação