É incrível, mas me peguei chamando a cachorra de filha no meio da rua. Saiu. Assim do nada. Naturalmente. O vem “filha” era para dizer que o passeio tinha chegado ao fim. Mas a sequência foi “a mãe vai dar um biscoito bem gostoso quando chegarmos em casa!”
Minha nossa, eu jurei que nunca faria uma dessa. Em casa pode, mas na rua… Eu sempre achei estranhíssimo ouvir isto dos donos de cães, assim sem a menor cerimônia na frente de todo o mundo. E agora, logo eu, neste mesmo papel. Mas tudo bem. Pude observar em um parque o dono de um pit bull dizer ao avistar a mulher. “Olha lá a mamãe”.
Muita gente por ai vai pensar, isto é falta de filho. Eu mesma já ouvi uma dessas. Geralmente, de quem não gosta de bicho ou não tem bicho. Só filhos. Especialistas em comportamento humano podem dizer que é a tal da transferência. Mas conheço matriarcas bem-resolvidas com suas grandes famílias, com muito mais de um filho, que chamam os bichos até de netos.
Para mim isto se chama amor. Um ser de quatro patas que amamos feito gente, um verdadeiro integrante da família. E é claro que ao sair todos os dias de casa eu digo sem um pingo de vergonha. “Filha, a mãe vai trabalhar e já volta”.
E você conhece alguém que chama o bicho de filho ou filha?