Vinicius Afonso Petrunko iniciou a carreira de voleibol quando ainda estava cursando o 3º ano de Educação Física na PUC-PR. Em março de 1997 com a chegada de Bernardinho e seus assistentes em Curitiba, iniciou um dos mais vitoriosos projetos do voleibol brasileiro, muita coisa mudou na vida e na carreira de Vinícius.
O projeto compreendia uma equipe adulta formada por algumas jogadoras olímpicas, como Fernanda Venturini e Ana Volponi aliada a jovens exponenciais como Raquel, Erika, Valeskinha e um projeto social, com um objetivo claro de ensinar o voleibol com valores de uma maneira lúdica e eficiente através do minivoleibol. “Fui convidado por uma colega de classe para ajudar na peneira realizada com aproximadamente 2000 crianças e semanas mais tarde fui chamado para trabalhar auxiliando nas aulas de minivoleibol”, conta o profissional.
Foi a partir daí que Vinícius teve a oportunidade de auxiliar e aprender muito enquanto a equipe permaneceu em Curitiba até o ano de 2004, período em que conquistou muitos títulos. Após esse período a equipe se transferiu para o Rio de Janeiro. Nos primeiros anos, Vinícius também e auxiliou na seleção feminina principal, com Bernardinho técnico nas Olimpíadas de Sidney 2000.
Já em 2009, 2011 e 2013 o profissional foi convocado pelo Hélio Griner para compor a comissão técnica da seleção feminina universitária. As Universíades possuem a mesma estrutura de uma Olimpíada e em algumas edições tem até um número maior de atletas. “Fomos campeões em Shenzen-China em 2011 e vice em 2013, em Kazan na Rússia”, orgulha-se de lembrar.
Apesar da maravilhosa experiência com o voleibol de alto nível com a equipe Rexona e as seleções foi na iniciação que Vinicius atuou durante mais tempo e se tornou um expert. Foi ao longo dos anos crescendo profissionalmente, de assistente de professor, passou a um dos professores com o maior número de turmas até quando em 2005 quando foi chamado para atuar na coordenação onde ficou até 2017. Ao longo de 20 anos auxiliou no aprimoramento da metodologia, da construção do Instituto Compartilhar e na disseminação da metodologia ministrando dezenas de Clínicas em todo o Brasil.
Em 2016 com a ida da filha para estudar e jogar vôlei nos EUA começou a se interessar mais de como o esporte se desenvolvia por lá e resolveu visitar alguns clubes em Seattle e Dallas. “Foi desta maneira que me surpreendi com a quantidade de participantes dessa modalidade nos EUA. Enquanto no Brasil o maior torneio de clubes, a Taça Paraná, contou nas suas últimas edições com aproximadamente 120 equipes e se utiliza de uma estrutura de aproximadamente 13 quadras, nos EUA vários torneios chegam a ter mais de 1000 equipes e se utilizam de Centro de Convenções onde montam aproximadamente 100 quadras”, conta.
Se o número de participantes impressiona, também chamou a atenção o envolvimento dos familiares, seja no dia a dia quando pais, irmãos, avós ou tios acompanham os treinamentos ou mais ainda nos torneios quando famílias inteiras viajam (de carro ou avião) para torcer e incentivar os atletas. “Nota-se que é uma questão cultural essa paixão e o incentivo pelo esporte”, reflete o profissional.
Esse grande número participantes nos clubes só se justifica porque o país possui fortes ligas Universitárias também com um grande número de praticantes. Na NCAA, a principal liga, são cerca de 500 equipes distribuídas em 3 divisões. Na minha opinião esse é o grande diferencial e o principal motivo para que os pais invistam e incentivem os seus filhos a praticarem um esporte, pois grande parte dessas universidades oferecem bolsas de estudos aos atletas.
Devido á esse grande número de atletas tanto em clubes como nas Universidades vejo nos EUA um grande mercado para técnicos e atletas brasileiros. Na época em que atuava como técnico nas categorias de base já incentivava as minhas atletas a se preparem e pensarem também nessa possibilidade, pois a maioria pensa apenas em ser uma jogadora profissional, no entanto devido ao pequeno número de equipes adultas esse sonho se torna realidade para poucas. Com relação aos técnicos levamos vantagem pois considero que a nossa preparação é melhor, enquanto aqui fazemos disso uma profissão, cursamos Educação Física, fazemos cursos especializados exigidos pela Confederação, nos EUA para a maioria dos técnicos de clubes ser “coach” é uma renda extra, um segundo emprego, basta fazer um curso, que pode ser on line e está habilitado para atuar. Além disso, no processo de iniciação o método do mini vôlei é pouco utilizado e com a experiência que tenho desses 20 anos posso afirmar que esse é o melhor método, seja aqui no Brasil ou nos EUA, pois respeita as fases de aprendizado de cada criança. Jogar numa quadra menor, com materiais e regras adaptados faz com que a prática seja mais prazerosa e motivante. Nas oportunidades que tive para demonstrar isso aos pais fui bem-sucedido e bastante elogiado. Quem sabe um dia não desenvolvo por lá aquilo que hoje faz sucesso por aqui nos projetos do Instituto Compartilhar.