
Canjica, pamonha, quentão, bolo de milho, pé-de-moleque, curau, pipoca, milho assado. Quando se trata de festa junina, a lista de comidas típicas é grande e apetitosa. Neste ano, com a segunda temporada de festejos juninos afetada pela pandemia, os micro e pequenos negócios têm investido em novas formas de consumo para proporcionar a comemoração em casa, sem aglomerações.
O analista de competitividade do Sebrae, Luiz Rebelatto, destaca a importância das festas juninas para o contexto cultural e produtivo do país. “A festa junina é culturalmente muito relevante no país inteiro. Esse momento difícil que estamos vivendo, de não conseguir nos reunir presencialmente, nas típicas festas juninas com fogueiras, apresentações de quadrilhas, afeta muito os negócios. Por outro lado, é interessante a proposta de oferecer as comidas e bebidas já prontas para o consumo em casa. Acredito que mesmo no período pós-pandemia essa alternativa continuará sendo ofertada”, observa.
Celebradas tipicamente com alimentos a base de milho, amendoim e mandioca, as festas juninas no Brasil só perdem para o Carnaval em termos de mobilização nacional. “É muito interessante para o comércio, pois as comemorações não se limitam a um dia específico. O empreendedor pode aproveitar todo o mês de junho para realizar suas vendas. A festa junina é uma festa de proximidade, de afetuosidade, então ver os empreendedores tendo esses cuidados em proporcionar as experiências em casa é uma forma de manter a cultura viva, mesmo num período tão difícil. Donos de micro e pequenos negócios que ofertarem alternativas para atender o cliente, seja por vendas online, com kits por encomenda, por delivery ou drive thru com certeza terão resultados positivos”, incentiva Rebelatto.
A empreendedora Danila Vargas de Souza trabalha com kits juninos há dez anos, mas na pandemia viu a demanda de pedidos aumentar e uma mudança de perfil do consumidor. “A nossas empresa Kit Junino montava cestas empresariais, mas a partir da pandemia, desde o ano passado, nós expandimos para os kits residenciais, que hoje são a nossa principal demanda. As famílias querem comemorar a festa junina e em segurança”, conta Danila.
Ela conta com o aumento da demanda teve que contratar mais pessoas para a produção dos alimentos típicos e também para a entrega dos kits: “Temos hoje cerca dez pedidos por dia de kits residenciais, fora a demanda empresarial que também aumentou já que as festas juninas on-line ganharam força”.
A empresa de Danila oferece kits juninos em três tamanhos, P (R$ 70), M (R$ 90) e G (R$ 120), com bolo de fubá, curau, canjica, quentão com marshmallow, pinhão, milho cozido, doce de abóbora, pé de moleque e arroz-doce. O cliente também pode monta a sua cesta com produtos do cardápio, que também inclui maçã do amor, pinhão, pamonha, cocada, quentão se álcool, cuscuz paulista, entre outro. Os produtos vão em uma cesta decorada com bandeirinhas. A taxa de entrega é calculada pela distância. Os pedidos podem ser feito pelo whatsapp: 4199632-2010. O perfil no Instagram é @kitfestajunina2021.
Novos tempos
Empreendedora vê oportunidade de negócio
A empresa In Love Eventos começou a trabalhar com kits juninos no ano passado por causa da pandemia. “Vimos uma oportunidade de negócio diante da suspensão das festas tradicionais”, conta a proprietária da empresa Marcela Brasil. Segundo ela, neste ano os pedidos estão mais concentrados em empresas e não em famílias. “Outra coisa que mudou é que no ano passado as empresas pediam que as entregas fossem feitas na casa dos colaboradores. Neste ano, estamos entregando nas empresas mesmo, porque muitos já voltaram ao presencial”, conta ela. A In Love Eventos oferece neste ano o kit junino individual, com quentão ou suco de uva, canjica, arroz-doce, mini pastel, pão, cachorro-quente, pipoca doce, pinhão e bolo de fubá. O preço é R$ 40 mais a taxa de entrega. O contato pode ser feito pelo whatsapp: 41 996430855.
Indústrias de amendoim apostam em plataformas on-line
O período de festas juninas é o mais importante para as vendas sazonais das indústrias de amendoim. Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Amendoim e Balas (Abicab), no segundo ano de pandemia, as indústrias conseguiram se planejar e acreditam em boas vendas principalmente nas plataformas on-line.
“Em contraste com o cenário de incertezas de 2020, neste ano, observamos o consumidor mais habituado aos formatos digitais e os avanços das empresas nas operações on-line. Com isso, houve um plano diferenciado na preparação para a data, desde campanhas de marketing, passando por novas estratégias de vendas, criação de promoções, lançamentos de produtos e até a ampliação de novos canais de atendimento, como redes sociais”, diz o presidente da Abicab, Ubiracy Fonsêca. “As empresas além de investirem no on-line, concentraram esforços na organização dos produtos incrementando os espaços e a visibilidade por meio de material de ponto de venda”.
Mesmo na pandemia, o amendoim in natura apresentou resultado superavitário na balança comercial em 2020 registrando, de janeiro a dezembro, US$ 314,4 milhões, crescimento de 38% na exportação do produto no período, com 259 mil toneladas exportadas segundo dados da ComexStat. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima que a produção de amendoim 2020/21 deve crescer em média 3% quando comparada com a safra de 2019/2020, com expectativa de alcançar 575 mil toneladas do grão.